domingo, 21 de dezembro de 2008
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Lost in translation
Parecia uma conferencia de imprensa daquelas apresentações de um jogador de futebol, tantos eram os flashs. (Este aparte parece um pouco despropositado mas não é, pois toda a gente sabe que a palavra flash está associada a um único povo...)
O simpatico artesão explicou tudo num inglês perfeito, num francês perfeito e em mandarim - ou cantonês -, para mim, mais do que perfeito! E foi nesta altura que se ouviu um "bruaaa" no atelier. Quando o rosado holandês começa a explicar o método naquela lingua, a maior parte dos braços presentes fizeram descer as cameras e mostrar a cara dos sujeitos pela primeira vez. Eram pequenos chineses! A surpresa deles foi grande e lá começaram a acenar positivamente a cabeça a cada palavra do artesão, como quem diz: "sim, sim, é assim que se diz, sim, sim, boa, boa, ahhh, fixe, sim (agora imaginem chineses a fazer isto com movimentos chineses.)
E este acontecimento, naquele mesmo instante, fez transportar o rapaz portugues para uma situação paralela:
Era uma vez uma fábrica de calçado em Sta Maria da Feira. O operário de farda azul violeta, alto e com um tique de cabelo, explica a uma cambada de turistas, ao ritmo de flashs, como se fazem sapatos em Portugal. Finaliza após 2 minutos de conversa com uma mão na anca:
- "Está percebido?"
Dois jovens portugueses dizem que sim, oito ocidentais mostram cara de surpresa e os flashs continuam a disparar...
O casal francês
O casal português sobe as escadas do autocarro. Cumprimentam a guia.
Olham para as entranhas da viatura procurando um lugar para se acomodarem, acenam simpaticamente para os restantes turistas e sentam-se.
Pouco tempo depois, o motorista põe em andamento 10 chineses, 5 singapureanos, 2 americanos, 2 mexicanas e 2 portugueses. E um casal francês.
A guia pega no microfone e pergunta se todos percebem inglês. Todos percebem. O casal francês diz que não.
A guia começa então o trabalho dela - guiar os turistas pela historia do país - em inglês.
A guia repete então o trabalho dela - guiar o casal francês pela historia do país - em francês.
O casal francês começa então o trabalho deles - serem franceses - e começam a dormir um para cada lado!
A guia continuou o trabalho dela em inglês. E em francês.
O casal francês continuou a dormir.
Os outros continuaram a fazer o papel de turistas e houve um que contou a história mais tarde, no mesmo dia em que leu um artigo sobre "chauvinismo"...
sábado, 13 de dezembro de 2008
Mais ou menos um
mas não é mais um qualquer, é um bem me quer.
Bem me quer pois mal não quer e se muitos são
muito bons, este não é mau de todo.
Enfim, Unico Nome de Blog Disponível e ainda
bem que não havia outro,
senão já não era o mesmo.
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Banho
É pois! E a "Lisboa Gás" agradece...
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
America, America
O primeiro afro-americano a presidir ao país mais poderoso do mundo, fez uma discurso que me comoveu e emocionou, a mim e a muitos milhões, na tv vi abundantes lágrimas.
Os americanos gostam muito deles próprios e são um povo demasiadamente conservativo, a história mostra-nos como as minorias étnicas sempre sofreram naquele país. Chegar o dia em que um negro assume o comando da poderosa máquina controladora do mundo parece um sonho para muitos e uma vez mais a história mostra-nos que a América apesar de todos os seus defeitos é um país onde os sonhos são possíveis. Tecnologia, educação, desporto, cinema, etc. etc., quem está nos E.U.A está mais próximo do sucesso do que noutro qualquer país.
A economia está debaixo de água, o médio oriente e as relações internacionais precisam de decisões inteligentes, os novos desafios como o aquecimento global, o brutal alastramento da pobreza ou a futura sustentabilidade para a água são talvez agora mais importantes do que a guerra contra o terrorismo.
Obama inicialmente disse coisas, mais tarde disse outras diferentes e eu penso em duas premissas relativamente à mudança de discurso: uma é que ele é consciente e muito humano, não tem medo de mudar as decisões para melhor, ainda que essa atitude seja condenada e criticada por muitos. Outra é que ele muda para o que é melhor de uma forma demagoga. Vou acreditar na primeira.
A casa branca alberga agora uma família negra.
A cor da pele penso que por si só irá ser uma poderosa ferramenta.
Vamos ver no que dá
Congrats Obama.
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Ele ia numa carrinha
Ele ia dentro de uma carrinha ao encontro de um jogo
de futebol. Mas que jogo será este, pensava eu. Só via deserto ao mesmo tempo que o conta Km desembrulhava números mais rápido do que a máquina registadora de uma qualquer gasolineira, da mesma estrada, onde o litro de combustível são 20 cêntimos de euro.
A carrinha pára e olhamos todos uns para os outros, os primeiros a sair serão os primeiros a serem iluminados por uma radiosa luz com quase 50ºC.
No interior da estação de serviço ele repara que a água tem o preço mais alto do que o combustível, fica meditabundo.
Olho para o exterior e vejo tudo a dançar. As formas são distorcidas e ondulantes, será uma miragem ou o efeito visual do calor?
Enfim, vou beber um café e o combustível, aliás, a água.
O motorista abre a carrinha, os não nativos começam a entrar e ele ouve o seu produtor a dizer:
“Alguém tem uma mão livre para me ajudar?”
Prontamente, com a sua capa de lamber botas bem ajustada na língua diz: “Eu tenho, eu tenho.”
E o produtor responde:
“Então aperta-me aqui o nabo senão te importas, ah, ah, ah, ah.”
Risota geral, a capa cai-lhe da língua e derrete ao tocar o solo, ele também se ri bastante, enquanto que o produtor se aproxima, coloca-lhe a mão por cima do ombro e diz:
“Oh rapaz, sabes o que é um veado no Brasil?”
O rapaz:
“Um gay”
A mão do produtor sempre no ombro do rapaz e responde:
“sim é, e os veados no Brasil são os únicos que deixam ter uma mão no seu ombro, ah, ah, ah, ah."
A risota que ainda continuava foi potenciada e todos perderam rugas, até um pepino que estava dentro de uma sandes.
Chegaram à cidade onde ia ser o jogo, estavam no meio do nada, onde o meio era um oásis.
Já no estádio e sentados no banco de suplentes, analisavam as condições. Chega um sujeito, que se apresenta dizendo ser o presidente do clube e que as cadeiras onde estávamos sentados custaram 1 milhão de dolars. Todos se levantam e os olhares ficam perdidos, o sujeito replica com as mãos levantadas e muito expressivo:
“Seat please, no problem, please.”
E todos se sentam novamente.
Ele segue e já por mim traduzido:
“Vieram de Itália não faz uma semana, são feitas apenas por encomenda e especificamente para futebol.”
A cadeira era extremamente confortável mas depois desta informação ainda mais confortável ficou.”
A tarde passou, antes do jogo a policia rezou, ele sempre que possível no banco sentou e na carrinha já de regresso fechou os olhos e na namorada pensou.
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Pela manhã
Hoje, mal coloco a chave na ignição:
- "Aconteceu-me isso variadíssimas vezes ou mais"
Deixe ver se entendi. Aconteceu-lhe isso mais que variadíssimas vezes?
E só hoje pela manhã é que se lembrou de vir à rádio contar.
E eu ouvi. Sortudo.
Apertei o cinto.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Má disposição matinal
- Bom dia senhor. Vejo que hoje está mal "disposto". Que lhe aconteceu?
- Olhe lá, como é que sabe se estou mal disposto?
- Desculpe senhor, é que tem o pé direito no lugar da mão esquerda!
Num repente, o senhor esticou o braço e deu um pontapé no doente.
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
A crise é Grande
Que tem esta palavra de tão assustador para nós portugueses? Que temem, estimados 9.999.999 concidadãos. Esta sempre foi vista como uma palavra bonita que forma frases bonitas e positivas. Sempre nos apoiámos nela. Quando tirávamos um 2 a Matemática: "Qual é a crise? No próximo período recupero, pai." Quando a menina bonita insistia em pedir-nos um 3 a jogar ao bate-pé, pensávamos: "Não há crise! Amanhã saco-lhe um linguado." Quando o preservativo rebentava e a namorada olhava para nós assustada, perguntávamos: "Há crise?"
A crise sempre nos deu ânimo e coragem para enfrentar o insucesso de ontem. A crise faz-nos andar de cabeça erguida hoje. A crise, porventura, aumentará a taxa de natalidade amanhã.
Estão a tornar a palavra num mártir para atingir um simples propósito: desviar a atenção do povo para as graves consequências da crise que anunciam.
Será a crise grave?
Grave é a boca da Manuela Moura Guedes, a tendência do Paulo Pedroso, a marreca do Venceslau Fernandes, a marreca da Vanessa Fernandes, a voz do João Malheiro, a voz do Nuno Guerreiro, o cabelo do Paulo Bento, o cabelo da Fátima Felgueiras, os fãs do Marco Paulo cujos filhos são fãs do Tony Carreira, as mamas da "entertainer" dos netos dos fãs de Marco Paulo cujos filhos são fãs do Tony Carreira, as mamas da Rosa Mota, o programa da Teresa Guilherme, o jornal "O Crime", a oposição, a soltura do Pinto da Costa, o abrupto blogue do Pacheco Pereira, o novo spot da Snickers, os amantes de Wrestling com mais de 15 anos, o PNR, o português do Jorge Jesus, o idioma do Manuel Machado, o Toy vestido com uma camisa da marca CR7, e muitos mais quilómetros de gravidades. Passando por aquele quilómetro onde o Castelo-Branco pede um broche à mulher no momento em que lhe muda a fralda.
A crise não é grave. A crise é Grande!
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
A ideia é que tudo resulta com a palavra: PUNHETA!
Há coisas que não se explicam. Por exemplo, agora estou aqui feito parvo e não tenho puto de ideia sobre o que escrever. Por isso mesmo digo: há coisas que não se explicam. Não, não era isto! Entrei a soar mal! Há coisas que não se entendem! Era isto que queria dizer: há coisas que não se entendem. E também já li o que vai para trás. Admito que está a revelar-se numa bela merda de ideia esta de tentar escrever de cabeça vazia.
Mas tenho de revelar, escrevendo ainda mais, que está a tornar-se numa experiência libertina. Estou em modo de evacuação mental. Uma autentica purga que, julgo eu, me permitirá absorver novos conceitos de forma rápida. Vou escrevendo numa perspectiva de forçar qualquer coisa para provar - ou refutar - a minha teoria de que não se deve forçar nada a não ser quando estamos sentados na sanita e atrasados para o trabalho. E isso, tal como isto, poderá ser prejudicial ao canal anal.
Mas o que faço quando quero escrever? Parte tudo de uma ideia. Mas e depois? Vou tentar descobrir-me. Acho que é mais ou menos isto:
Imaginem a ideia. Agora imaginem o resultado. A ideia vê o resultado ao longe. Mas não se conhecem, certo? Ou seja, têm de se casar para a ideia resultar. Tenho uma ideia adolescente e quero que fornique com um resultado mais maduro o mais rapidamente possível. Mas antes do casamento? Porquê? Isso seria um incesto a todo o processo criativo. Exactamente, acho que é esse mesmo incesto que faz com que a virgem ideia dê em resultado. Porquê? Porque nada melhor do que uma queca em tenra idade para nos dar experiência, um pouco de confiança e descaramento. E é essa relação incestuosa que porventura dará origem a um filho bastardo: o desenvolvimento! Por fim, já temos uma ideia mais madura e satisfeita, e um desenvolvimento, sedento de leite materno, em crescimento. O resultado acaba por ficar feliz e propõe finalmente a ideia em casamento. Já no altar, levanta-lhe o véu e todos vêem a ideia beijar o resultado com o desenvolvimento nos seus braços. E serão felizes para sempre...
É isto que acontece quando escrevo.
Mas hoje, em consequência do vazamento mental a que me propus, apresentei uma menina ideia estéril a um senhor resultado. Conclusão: a ideia fodeu-se e o resultado ficou a masturbar-se.
Agora é aquela parte em que peço desculpa por ter feito perder o vosso tempo a ler uma ideia que resultou numa... punheta.
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Amor e Guerra
Ao acompanhar o telejornal, a sua cara deu ar de dúvida:
- "Hugo Chavez foi hoje pescado pela polícia marítima quando se preparava para fazer parar um petroleiro com o seu barco pneumático. Já é a quinta vez este mês que este activo activista da "Greepeace Venezuela" interpela uma embarcação deste tipo, com uma bandeira na mão e uma fita verde na testa, em protesto pela subida dos preços do ouro negro. É de referir que as petrolíferas aumentaram o preço do petróleo nos últimos 30 dias, subindo de 2 para 3 cêntimos o barril"
- "Já a seguir não perca o discurso de George W. Bush, criticando ferozmente as empresas que fornecem material de paint-ball e onde admite também que gosta muito de jogar badminton fardado de marinheiro . Logo depois, em exclusivo, a entrevista a Castelo-Branco que deixou crescer o bigode e revelou a sua heterosexualidade recentemente. Dentro de momentos, não perca. Até já senhor telespectador e vá levar no cú, se tiver tempo."
Ããã!?O que foi isto? - pensou.
Decidiu apanhar ar e rumou ao café:
- Boa tarde. Era um café em chávena escaldada e com adoçante, por favor.
- Era? Já não é? Atrasado mental!
- Desculpe!? Como disse? Um café por favor! - respondeu, sem a certeza do que tinha ouvido.
- Com certeza, seu estupor de pessoa! Tome lá! Espero que queime bem a língua. Mongolóide!
Já tonto e amedrontado, saiu do estabelecimento sem beber o café, deixando 1€ em cima do balcão:
- Obrigado pela gorjeta ó porco!
Apressou o passo. O coração também. Dirigiu-se ao supermercado...
- São 2€, jovem cabrão. Tem cartão do elefante?
- Mas... não, não tenho cartão.
- É pena, pois enfiava-lhe a tromba pelo rabo acima e assim pagava menos! Passe para cá a nota e muito obrigado pela preferência. Volte sempre filho... de uma grande vaca.
E o clima de agressão durou o dia todo. A sua avó chamou-lhe besta e cara de cú fodido ao telemóvel e disse-lhe que tinha saudades de lhe dar uns belos chutos nas beiças; mais tarde foi escarrado pela filha do seu vizinho no elevador e ainda foi brindado pelo pai com um: "até mais logo seu merdoso."
A cabeça, pronta a explodir de incompreensão, roçou o desmaio. Fechou-se em casa.
Ligou de novo a TV e fez zappings atrás de zappings procurando desesperadamente a única realidade que conhecia.
O mundo estava virado do avesso, pendurado num estendal que não era o seu, preso com molas que nunca vira anteriormente.
Não havia guerras, não havia fome e todo o cidadão deste mundo tinha dinheiro para viver. O Iraque estava repleto de resorts, e sediava a "Opus Gay" do extremo oriente. Não havia crime nem prisões. Mas nada batia certo. Não se reconhecia no comportamento das pessoas. O mundo estava vazio de amor.
Tocaram à porta:
- Quem é?
- É o correio ó cara de caralho! Abre lá a puta da porta que não tenho o dia todo!
- Espere 5 segundos, por favor.
- Por favor? Por favor a merda! Despache-se seu labrego, e abra a porta imediatamente!
Pressionado pelo dia que teve até então, abriu a porta e, com os nervos alterados, sacou duma arma disparando-a automaticamente de olhos bem fechados. Tremolamente, ao abrir as palpebras, foi percorrendo um corpo cinzento estatelado no chão. Um homem careca e de cara simpática segurava um ramo de flores e um postal junto do coração. Apressadamente retirou-lhe a encomenda e leu:
"Esperamos todos que recuperes da depressão o mais rapidamente possível e que saias dessa vida solitária em breve. Não nos afecta nada essa tua decisão de mudares o sexo. O que nos preocupa são esses comprimidos que tomas. O rapaz mascarado de homem dos correios é o teu irmão mais velho que nunca conheceste. Na realidade ele é polícia. Têm muita conversa para por em dia. Espero que esta injecção de amor te dê força, e te livre dessa prisão"
- Polícia! Mãos ao ar...
domingo, 28 de setembro de 2008
Não precisas de Falar
Existe vida no espaço? Tenho medo do futuro, como vai ser?
Muitas vezes tentei falar contigo. A minha tia está contigo?
Vamos sempre ter verão? Podes chamar-me rapaz, não me importo.
A água do mar vai aquecer?
Sabes quando tenho uma forte dor nos ombros, e o resto?
Vou poder tomar banho de calções todo o ano?
Sim, está tudo nas nossas mãos, mas..
Muita coisa não faz sentido.
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Queres juntar a tua escova de dentes à minha?
mala e junto aos pensos higiénicos, nem sabia que o pretendente era
dono e senhor de um hálito capaz de destruir um exército.
Uma náusea intensa percorreu-lhe a espinha e vomitou logo ali,
no táxi. O pai da Joana é Dentista e desde muito nova que foi
submetida a experiências no consultório do Pai, tanto que agora,
aos 31 anos nem consegue unir os lábios.
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
O encarnado revela-se à sombra

Tiago, dá uma olhadela na foto outra vez. Mas olha bem...
Num colorido, ameno e movimentado dia de Inverno, ao cavalgar uma zebra a caminho da outra extremidade da estrada, um flash glaciar paralizou toda a vida que me rodeava. Toda a cor se mortificou num instante a par de um estranho eco que me invadiu o pensamento. O tempo não passava e os sentidos foram-se alterando para uma estranha vontade de acreditar:
- Que se passa? Deus, carregue aí no comando se faz o favor. O botão encarnado. É que desligou isto sem querer, certamente. Aproveite e carregue uma corzinha e ligue o Sol outra vez. Vá lá, tenho um amigo à espera do outro lado da estrada. Assobiei - Deus, veja lá se não foi o quadro que disparou. Pois. Claro, quase de certeza que foi isso. Puxe o botão encarnado para cima. Oi! DEUS!!! O encarnado, não se esqueça!
Senti o desconforto a sobrevoar-me o corpo até aterrar na base do meu pé esquerdo, dando origem a uma terrível cãibra. O frio descongelou um bocado de muco que prontamente começou a pingar. Em desespero:
- Ai ai, e agora? Deus, ajude-me lá. Já não estou a achar piada a isto. Dê aqui um jeitinho ao pé e assoe-me o nariz, ao menos.
Neste preciso momento, uma salada de murmúrios e conversas penetrou-me ouvidos adentro. Concentrei-me em isolar os ruídos e uma adulta voz logo se destacou:
- Rapaz! Que significa...
- Rapaz? Quem está a falar?
- Olha em frente, rapaz! Deixa-me acabar...
- O senhor até tem sentido de humor, mas não estou propriamente num bom dia. Claro que olho em frente, não consigo olhar para outro lado! Tenho lágrimas a escorrerem-me dos olhos por não conseguir fecha-los, percebeu? Quem é o senhor?
- Observa o banco ensombrado pela árvore chorona, rapaz. Sou...
- Sim, estou a ver. Quatro velhos sentados?
- É isso que vês, caro rapaz? Não interessa, só queria perguntar...
- São quatro velhos sim, estou a vê-los. Olhe lá, e trate-me por Telmo se faz o favor. Não gosto que me tratem por "rapaz". Faz sentir-me inocente, coisa que não sou!
- Eu sei que te chamas Telmo, inocente rapaz. Mas eu só...
- Já lhe disse... Como sabe o meu nome? Nunca travei conversa com velho algum sem ser da família. Qual dos velhos é o senhor?
- Estás equivocado, rapaz. Já falaste comigo. Eu é que nunca falei contigo a não ser hoje. Aqui. Agora, por favor...
- Mau! Não percebo. Mas qual dos velhos é o senhor, raios! Não tenho tempo para atura-lo. Ai a chatice!
- Tempo? Não tens tempo? És engraçado, rapaz. Sou o mais velho de todos, se é que te satisfaz a curiosidade. Agora, de uma vez por todas...
- A mim parecem-me todos iguais. Olhe, agora caía bem uma castanhinha assada. Estou a ficar esfomeado. Este cheiro está a originar-me uma baba estranha nos cantos da boca. Sabe, antes de atravessar a estrada, estive quase quase para comprar um canudo delas a esta velha que está a fazer negócio 5 metros atrás de mim. Nesse momento é que esta merda devia ter parado! Saciava a fome enquanto me mantinha quente. Não tenho sorte nenhuma, caraças. Desculpe lá o desabafo. Mas...
Num ápice, fui interrompido pelo som mais grave e autoritário que jamais ouvira:
- Cala-te! Por favor, rapaz! Deixa-me falar!
Com o corpo e a mente a vibrar de respeito, eu:
- Não percebo o porquê dessa gritaria. Fale o tempo que quiser, homem. É a única coisa que pode fazer de momento. Percebeu a piada? Fale lá, vá.
- Pronto rapaz, então o que te estou a tentar dizer, é que vim cá abaixo para te livrar da cãibra, do desconforto, da fome, acabar com as lágrimas e até assoar-te o nariz se for preciso, para poderes seguir a tua inocente vida em paz e te encontrares com o teu amigo que está atrás de mim. Ele também não está muito bem; o peso da máquina fotográfica deu origem a uma forte dor nos seus ombros e o pobre coitado não aguentará muito tempo.
- Ai sim? Veio cá abaixo? Para um velho de 90 anos acabadinho de cair de uma árvore, o senhor até está com bom aspecto. Caia mas é na real. Está mais inerte que um morto. Como é que...
- Porque não te calas, rapaz?
- Pronto, pronto.
- Qual era o diabo do botão, rapaz?
- Botão? Epá, não me diga... Ouviu essa conversa, foi? Oh amigo, pronto: era o encarnado.
- Sabes Telmo, sem saberes, deste-me a provar o sabor do desconhecido pela primeira vez.
- Porquê?
- Porque o único "encarnado" que conheço... SOU EU!
- Mas ainda não me disse!, qual dos quatro é o senhor?
- O Único que te observa, sempre... à sombra.
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terça-feira, 23 de setembro de 2008
E na segunda?
- E qual foi a primeira em que estiveste?
- Foi na terceira.
- E na segunda, que fizeste?
- Na segunda? Normalíssimo! Fui pôr os putos à escola,tive a reunião semanal no emprego… o costume!
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
O Gato
domingo, 14 de setembro de 2008
Sexo e Bacanal é Só na U.A.L.
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
"Pernas" para que te quero...
Não há dois sem três... furacões, dizem os americanos.
Ontem apanharam a Tina Turner a correr, com uma mochila às costas, a caminho do Canadá:
- DonaTina, onde vai tão assustada?
- Fujo, ora essa! O Ike está de volta...
Educa...ralho!
"...controlamos o acesso à internet, da mesma forma que lhes ensinamos a não falar com estranhos, não fumar, não arrotar de forma gratuita, não faltar às aulas, não matar, etc. Vem tudo da educação que lhes damos"
Imaginei logo um tête-à-tête com o meu futuro filho:
- "Filho, sabes que o pai ficaria muito aborrecido se tu matasses alguém. Aproveito para te ensinar que faltar ás aulas, arrotar, fumar e falar com estranhos é igualmente muito feio!"
- "Está bem pai mas, se por acaso acontecer, qual é o castigo? Cortas-me a Net?"
- "Por exemplo, filho. Isso ou outros castigos semelhantes"
- "Muito bem pai, prometo que nunca mais arroto depois de fumar o cigarrito que aquele velho barrigudo, de barba branca e óculos fundo de garrafa, me oferece quando falto à aula de religião e moral!"
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Ultima hora: País “ás direitas” ameaça humanidade!
Existem, pelo menos, 1 milhão de seres humanos (por acaso, todos Portugueses) que apresentam uma patologia psicomotora grave. Os médicos ainda não sabem o que é em concreto, mas o seu efeito é nefasto. Sabe-se apenas que a doença se manifesta exclusivamente em homens (incluindo a Vanessa Fernandes), normalmente nos meses seguintes após estes completarem 18 anos. Diz-se que, aliada ao daltonismo e com contágio progressivo, esta enfermidade poderá causar o fim da humanidade ainda este Século.
O jovem, sem notar, começa por esticar o braço esquerdo e apertar o volante sensivelmente a meio quando, certo dia, sintoniza a frequência na rádio Orbital com o volume a 30. Anda nisto uns meses até que – já surdo - é surpreendido por um torcicolo diário no esternocleidomastóideo direito. No dia seguinte verifica-se a perda de sensibilidade no braço direito que descai constantemente até que os dedos direitos esbarram no travão de mão; depois, fortes dores no rim direito que fazem inclinar o corpo para o banco do pendura até o empurrar porta fora em andamento. Neste momento atinge o estado crítico. Surdo, solitário após ter assassinado a namorada e a ver a estrada na vertical, começa a chorar e tenta desesperadamente estacionar em espinha…
Os casos acabam sempre da mesma maneira: um GNR "ouve" um veículo mal estacionado na praceta, espreita pela janela e lá encontra o pobre rapaz com o braço esquerdo partido e com a face direita assente num vulcão de pasta amarelada que se ergue no banco do pendura (já se confirmou ser um misto de lágrimas humanas com quantidades bem razoáveis de cera).
Os anos passam, morrem os rapazes, morrem as raparigas e o mundo acaba.
Mas a Orbital não!
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Tudo errado, tudo certo, tudo longe, tudo perto
A Isa preparava o jantar enquanto a televisão temperava o início das nossas conversas com o avinagrado filme “Delírio em Las Vegas”. As conversas eram de uma normalidade pálida mas, mal começámos a jantar:
- “Olha! Vês? Tem um óptimo aspecto! Essa cena branca por cima do bife é “molho macho mel” não é?”
Minutos depois - já eu tinha devorado o bife, o macho e o mel – quando me pediu para lhe colocar uns álbuns no seu mp3. Tudo bem, fiz uma escolha e lá copiei as minhas sugestões. Logo se aprontou a testar:
- “Epá, gosto deste Nittin Sawhney! Em que género de música o enquadras? Isto é tipo Kid Rock, não é?”
E logo depois:
- “Olha isto é muito fixe. Estive aqui a ouvir uma faixa (“O atirador”) deste Lenine! Este gajo é brasileiro, não é? Bem me parecia.”
Um tempinho mais tarde, falando da vida dos sogros:
- “Sabes lá, à volta da piscina até colocaram um piso anti-aderente para não escorregarem.”
De seguida o entusiasmo pelo benefício que a empresa da namorada lhe concedeu recentemente:
- “Agora ela tem direito a 40% de desconto no biodiesel, vê lá. Altamente! Pena é que tenha comprado um carro novo… a gasolina.”
E lá desviou a conversa para terrenos de cultura geral:
- “Telmo, estive a ver o ranking dos mais ricos no mundo, naquela revista americana, a Erbs, e o Bill Clinton já não é o mais rico do mundo. “
E continuou com Maserali (suposta localização da fábrica da Ferrari), Malkovich (nº3 do ranking ATP), etc, etc, pormenores (não todos!) que fui registando no meu portátil enquanto falávamos (com o intuito de aproveita-los, de forma descontextualizada, no futuro).
Mas, antes de se despedir, num inesperado momento metamórfico, olhou para mim e:
- “Amanhã ganho o euro milhões e, antes de dizer à minha família, pago-te a casa, compro um carro à tua escolha e deposito uns milhões de euros na tua conta. Se quiseres continuar a trabalhar, isso é lá contigo. Férias não te pago pois vais sempre para onde eu for. Ouviste?!”
(ouvi perfeitamente; estava longe, mas ouvi-te de uma forma que nem imaginas)
Sorri e dei por mim bem-disposto. De que me interessam as falhas de 2 horas de comprimento, se ele as saltou em 10 segundos?
Entretanto o frenético filme deu lugar à paciente novela da TVI e pensei:
- Afinal o óleo trazia areia misturada.
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
Palavras a mais na idade dos "porquê"
1ª- Que ácido estaria deitado na língua do rapaz quando este escrevia a letra das Dunas?
2ª- Seria apenas Whisky?
Não vale a pena transcrever aqui a conjugação aleatória de palavras misturadas pelo “DJ Ruininho” nesta letra pois, infelizmente, 40% da população do nosso aculturado país a canta, pelo menos, uma vez por ano. Não vou fazer juízos de valor (para além destes que fiz nas linhas anteriores) porque também a cantei uma vez quando era novato, admiravelmente quando achei que já era tempo de misturar um pedaço de cannabis com um golo ou dois de Pisang Ambon. E um ser humano que casou tal bebida com uma droga tão ligeira, não deve sequer pensar no nome deste ser iluminado, quanto mais escrevê-lo!
Mas Rui Reininho, por favor, permita-me a ousadia:
Dunas não são nada como divãs, são apenas as carteiras da moda que a malta abria diariamente para tirar uns trocos - uma das vezes para comprar drogas leves e uma garrafa de licor "verde"... como eu era, quando cantei.
domingo, 31 de agosto de 2008
Cagões R'Us
Epá! Deslarga-me!!!
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Karaoke Gay
Parecem Bandos de Pardais
Uma questão de 9,69 segundos
- Boa! Ena pá, já ando ansioso; estou à espera disto há 4 anos.
- Então ás 11:00 espero-te lá. Olha, mas não te atrases muito, ok?
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Uma brisa de leste
Hoje domei o sonho. É verdade. O mais habitual é ser o sonho a gerir o tempo que leva a despertar aqui o rapaz, mas hoje antecipei-me.
Sempre considerei o sonho um autêntico biltre e a nossa relação nunca foi pacífica.
Quando era miúdo tinha pesadelos frequentemente; no mais recorrente encontrava-me num cenário caótico, em que juntamente com a minha família e amigos, fugia desesperadamente de um “serial-killer” que ia matando, um a um, essa gente que tanto amava. E eu sempre a fugir, a tropeçar, a chorar a morte de amigos e familiares, a fugir outra vez, mais mortes de familiares, mais choro, mais um amigo esventrado e tal! Horas nisto, pois o travesso deixava-me para último. Sempre! Quando finalmente enfrentava o sanguinário - já o cabrão tinha despachado parte da população de Alverca, Chelas, Olivais, Braga e, por vezes, Barreiro – cheio de raiva e confiante para acabar com a sua raça… acordava.
Mais tarde, já a tocar à porta da adolescência, tinha um sonho em que conhecia a menina da lagoa azul naquela ilha paradisíaca. Passava horas a tentar ganhar a sua confiança e a mostrar-lhe que era bastante melhor que o outro gajo que mais parecia o Marco Paulo versão ariana. Nadava mais que ele, pescava mais peixes, partia mais cocos e mergulhava de sítios mais altos; uma autêntica estafa aquele sonho. Quando finalmente os nosso corpos se aproximavam… acordava.
Portanto, é fácil de perceber que a minha convivência com o sonho nunca foi propriamente afectuosa.
Nos dias que correm sou uma pessoa adulta e, resultado disso mesmo, tornei-me mais tolerante e menos rancoroso. Já não me chateio com o sonho:
Deixa-o gozar contigo, Telmo! Não faz mal! – Penso, por vezes, quando acordo.
Mas hoje, passados largos anos, voltei a ter um pesadelo. Basicamente, sonhei que tinha apresentado a carta de demissão na minha empresa, a troco de uma excelente proposta de 600€ mensais, para trabalhar na "Brisa" da Moldávia.
Mais à frente, já no meu novo posto de trabalho, estava eu sentado - embrulhado num Anorak a ver os Jogos sem Fronteiras numa televisão de 10cmx10cm a preto e branco - quando um carro pára antes da cancela e uma mão se abre fora do vidro, mostrando-me uns trocos e um bilhete de avião: era o meu chefe a tentar convencer-me a voltar a Portugal.
Acordei logo, antes que aceitasse...
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
SLB – Sócios, Ladrões e Bócios? Off-Shore!
Descobri recentemente que o meu Benfica tem 5 mil sócios que nunca pagaram a cota - muitos deles até roubam a “cota” frequentemente, mas nem esse dinheirinho investem no Glorioso:
- Sócio,tá-se bem? Quanto sacaste hoje?
- Tá-se bem sócio, a cota só tinha 20€, mas saquei também a águia d’ouro do velho e tentei vende-la a um sócio ali no café mas ele bateu-se que não tinha guita; depois roubei o gajo e fiquei com a águia d’ouro, 16€ e um relógio Casio .
- Nice sócio, e agora, o que fazemos?
- Agora vendemos o relógio, porque esta merda da águia não tem valor nenhum!
- E depois, sócio?
- Foda-se sócio, sei lá! Pára de fazer perguntas dred!
…
Ficamos a saber então que parte do estrago financeiro do nosso clube é feito pelos “No Name Sócios”.
Mas então para onde foi o resto do dinheiro? Os sábios adeptos deste grande clube responderam logo:
- “Para pagar copos e maços de SG Gigante ao Chalana!”
- “Para pagar a operação à filha do Nene!”
- “Para comprar o George Jardel!”
Também, mas estes casos não foram significantes.
Se há coisa que fez mossa no cofre do Benfica foi o bócio do Vale e Azevedo.
O homem estava a iludir tudo e todos; as autoridades e os ilustres benfiquistas desconfiaram e colocaram a PJ no seu encalço… até que um dia um agente o interrogou:
- Senhor doutor, onde estão estes dinheiros da venda do terreno em Benfica?
- Senhor agente, só respondo na presença de um advogado. Ahahahah ahahaha! Percebeu a piada meu caro? Ahahahaha!
De tanto se rir, começou a tossir e cuspiu um maço de notas de 500€. Foi preso, como se sabe.
Mas o SLB é uma mina sempre pronta a ser explorada e, azar dos azares, o engenhoso sucessor - Luís Filipe Vieira - soube desta manha. E o que faz esta instruída personagem?
- Manda vir um Bossio - ainda maior - da América do Sul.
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
O "mor" Negro
- Então miga? Como estás? Gosto do que fizeste ao cabelo. E esses brincos? Espectaculares. Onde compraste? Aaah, credo. Como tu tens o olho!!! O que te aconteceu???
- Ah... pois... sabes... é que...
(entretanto o telemóvel vibra ao som de: "Tudo o que quer me dar; É demais; É pesado; Não há paz)
- Então mor?.... até logo. Eu também mor; beijo... sim, grande.
...
- Namoras? E não me contaste? De que estás à espera? Ele, como é?
- ... Negro
- Aah... pronto; tá bem. Não faz mal miga. Até é giro. Irreverente. Já agora, os teus pais sabem?
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Isto que se segue não tem interesse nenhum
Para quem não leu o título, ou para quem não o levou a sério, repito: Isto que se segue não tem interesse nenhum. Tem ainda menos interesse do que o resto das coisas escritas aqui ultimamente – a sério malta, venham cá mais tarde quando este post levar uma "amona" de outros Bem mais interessantes. Está feito o aviso.
Imaginem que sou Presidente da República e tenho de escolher os melhores pais de Portugal no séc. XX, e condecorá-los com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique pelo bom serviço prestado à nação. Para mim a escolha seria óbvia, e entre a decisão e a condecoração passariam apenas 10 horas - o tempo suficiente para os senhores apanharem o regional e a viatura presidencial os ir buscar a Braço de Prata.
O discurso na cerimónia:
É impossível, quando vemos os nossos filhos ainda bebés, de prever a sua estrutura física quando adultos. Também difícil, nesta vida, é atribuir o nome aos nossos descendentes. Será que tem cara de Alexandre? Tiago? Hugo?
Congratulo-os hoje, perante esta audiência, pois conseguíram criar o que mais ninguém conseguiu desde que, no séc. XI, D. Afonso VI e Constança de Borgonha deram à luz a D. Urraca: a rara e primorosa fusão entre o homem e a sua identidade. A imperfeita perfeição.
Peço uma salva de palmas aos pais de Venceslau Fernandes.
Parabéns aos dois pela medalha! (principalmente ao pai)
Lua de mel (Director's Cut)
- Humm, que bela flor. Carnuda pah! Deixa lá provar o pólen...
Num iate, enquanto banhava o seu desfolhado corpo ao sol, o sujeito de camera numa mão e um cigarro de erva na outra:
- Shiiiiiitttttt. Pam, blow it! Do something! Pleeaasssee, sweetheart!
- Sure "honey". Ahhhhhhh, Fuck! My tongue!
Let it "bee", let it "bee",
Whisper words of wisdom, let it "bee"...
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Toda a verdade
Depois de ter deixado aqui a minha versão da suposta Cabala contra Michael Jackson, descobri que ele tem um álbum chamado "Off the Wall", o que me leva a pensar, com alguma incongruência, na expressão "pular a cerca". Deixa cá ver o resto da discografia dele...
Mas... o que vem a ser isto?
"I Can't Help It" (a força do desejo é lixada, não é Michael?)
"Don't Stop 'Til You Get Enough" (deixa lá o miúdo descansar, Michael)
"Get On The Floor" (gostas de mandar não é, Michael?)
"Baby Be Mine" (Bébés, Michael? Nem te percebem, raios!)
"Pretty Young Thing" (acha-los bonitos, não é Michael?)
"Human Nature" (Nop! Michael´s nature)
"Bad" (És mau, Michael)
"Just Good Friends" (dizes sempre isso, Michael!)
"Another Part Of Me" (essa parte tem um nome, Michael)
"Smooth Criminal" (és suave, Michael?)
"Jam" (esta é porca demais, Michael!)
"In The Closet" (tens alguma coisa a esconder, Michael?)
"Dangerous" (ah pois é, mas o risco dá-te pica, não dá Michael?)
"Gone Too Soon" (Já te disse, deixa o miúdo descansar, Michael!!)
"Who Is It" (It´s me... Macauley)
"Is It Scary?" (no Maculay, it´s quite short actually. And it´s black, also)
"Cry" (É triste, não é Michael?)
"Speechless" (gostas de amordaçar os putos, Michael?)
"Scream Louder" (Olha que os vizinhos ouvem, Michael!)
"The Lost Children" (sim, eu sei Michael; chama-se Maddie....)
“One More Chance” (tarde demais, Michael!)
PS: obrigado Diabo, pelos comentários. Volta sempre que quiseres.
Problemas de expressão
- Mano, então como foi a lua de mel no mediterrâneo?
- Pacífico, puto.
- Mano, pensava que tinha sido no mediterrâneo.
- E foi, puto!
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
BES...tial
E é aqui que jaz toda a verdade dos factos que despoletaram as duas balas:
(ui.... tás tramado oh sr sniper. Espero que já estejas a fazer o relatório do que se passou. Mas o que é isto, a gastar património de estado. Essas balas vieram do Ultramar. Eram peças de colecção. Já foste; Agora resta-te vigiar florestas para o resto da vida. Mas antes... o relatório, não te esqueças)
O único problema que tinham os dois brasileiros, coitados, era o vício do jogo. Entraram neste balcão do já referido banco, apenas para passar um bom bocado de tempo. Na realidade eles estavam a jogar ao peixinho numa tasca ao lado, enquanto esperavam dois conterrâneos para uma partida de poker. Passados poucos minutos foram expulsos pelo dono:
- "Oh amigos, é ilegal o jogo nas mesas deste estabelecimento"
- "Ai sim cara? Então vamos jogar ao balcão"
E assim foi. Dirigiram-se ao balcão mais próximo, na esperança de encontrar dois parceiros para jogar um texas hold'em. Quando chegaram lá deram de caras com oito pessoas. Muita gente. Com medo de reduzir probabilidades de sacarem alguns euritos, propuseram:
- Pôxa gente; não querem fazê par ou ímpar para ver quem joga? - perguntaram
- Não não, caros amigos; não é necessário. Jogem com eles. Na boa, fica para a próxima pois já estamos de saída! - responderam.
Saíram seis, ficaram dois; E pronto, lá jogaram com o comercial e com a gerente. Ás 15:45 os dois bancários já tinham limpo o dinheirinho do mês aos brasileiros:
- amigos, já chega para nós, temos de fechar que por hoje já trabalhámos imenso.
- ah, não pô! Mais uns minuto. Ainda é cedo. Só pá recuperá um pouco, gente! Qual é?
- Não pode ser. O patrão não nos paga horas extra. Está prestes a bater nas 16h e temos de ir para a praia. Nós perdoamos o dinheiro que já tinham a crédito. Vá, fiquem bem. Vão aparecendo mais vezes, ok malta?
E pronto, desesperados por não terem dinheiro para o resto do mês.....
PS: Se não foi isto que aconteceu, tiveram o que mereceram, porque aquela luva branca (só numa mão) e aqueles óculos escuros, não se usam num assalto com tanto mediatismo.
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Italiano, Português ou Espanhol? Hem?
"Scusa signore, tienes un saca-rolhas para abrir la botella?"
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
"Being Michael Jackson?"
(entretanto, Cristo fez-me ver "Cruz"; daí a mostrar-me Michael Jackson foram 10 segundos; e deixei o plantel para depois)
Pois bem, se há piada fácil nos EUA, tem de incluir o nome de Michael Jackson e de um menino qualquer. Um à escolha, não é relevante.
Ao longo dos anos foram-se gastando os adjectivos que o tornassem numa espécie diferente do comum dos humanos. (Hoje, no séc. XXI, as pessoas deixaram-se disso; veio o Castelo-Branco, o filho da outra que mandou matar o marido, a Manuela Moura Guedes, etc; já não há exclusividade na bestialidade, e o que era esquisito no séc XX, é agora comum em Portugal. Desprestigiante!)
Conheço o básico do Michael Jackson. (Da sua obra artística, quero eu dizer. Não o conheço pessoalmente! E, sinceramente, não acho que seja básico, antes pelo contrário)
Quero afirmar aqui que, apesar de maricas, considero o MJ um génio. É um génio maricas!
Em primeiro lugar, acho que ele não é quem nós pensamos. Ele é o Shredder (genial!). Foi para o mundo do espectáculo para fugir de um rato e de quatro tartarugas que tomam speeds ao pequeno almoço (mariquice!).
Perdeu uns valentes quilos, sob efeito de tequilla inventou uns passos de dança esquisitos e fez um tratamento à pele para ir aclarando. Mais tarde, saudoso dos velhos tempos, voltou a colocar a máscara.
Se há coisa que nunca conseguiu ultrapassar, foi a sua impopularidade junto dos mais novos. (Os putos são verdinhos mas não são parvos. Um homem daquele tamanho, sempre a levar nos cornos - de animais drogados - não pode ter muitos fãs.) Utilizando esta nova encarnação quis fazer ver aos cachopos que, no fundo, ele não era assim tão mau e que podia conviver e brincar com eles "frequentemente" (sinónimo de "amiúde", palavra que lhe foi muito útil na sua deslocação aos Açores: MJ " amiúde nesta terra, ou nã?")
Brincava com eles ás espadas, ao quarto escuro, fumavam cigarros de chocolate, jogavam "Nintendo". Entendia-se com eles. Pode dizer-se que MJ e os miúdos encaixavam na perfeição.
Um dia fartou-se de estar "sozinho em casa" e foi alugar um filme. Passados 4 meses tinha um processo em tribunal. O menino afinal era mais velho do que pensava (os americanos acabam sempre por comer um "Big Mac")
A meu ver, MJ está inocente. Podia ter contado a verdade, mas entre as duas opções: ser gozado para o resto da vida ou levar uns beliscões do Splinter e um rotativo do Leonardo....
Ex-citações de Verão
(Penacova 2008)
"Xiii, tantas tendas iguais.... mas cada um Queshua"
(Sines 2008)
"Um gajo, quando está à rasca para mijar, só faz é merda"
(Panchorra 2008)
Mãos ao bolso!
Atenção!, não são 6 sujeitos normais! São extremamente inteligentes e evoluídos.
À pergunta: "Para que servem os bolsos num pijama?", nem todos conseguem responder! Estes 6 conseguiram. Têm o meu profundo respeito.
Resultados:
66% - Para coçar os tomates sem a mulher se aperceber
16% - Para dormir cheio de estilo (com as mão no bolso) e engatar uma gaja no sonho
16% - Para guardar dinheiro, sonhar que se vai ás prostitutas e poder pagar logo para o sonho perdurar
0% - Para, quando o carôxo toca á porta, por as mãos nos bolsos, fazer aquela cara de pobre e dizer: "oh amigo, não tenho mesmo nada!!!"
Conclusão:
66% das pessoas mais evoluídas da nossa espécie têm mulher. Têm também chatos ou micoses nos testículos. Ou ambos.
32% das pessoas mais evoluídas da nossa espécie são depravados.
100% das pessoas mais evoluídas da nossa espécie, quando vestem pijama, dão dinheiro a outras pessoas menos evoluídas quando estas lhes tocam à porta. Essas pessoas depois vão comprar droga e, talvez, uma carcaça.
sábado, 2 de agosto de 2008
De 12 ficam 6
Meses depois voltaram a pensar e o resultado foi modesto:
adiaram a decisão.
Assim andaram durante anos, até que os outros dois
também se fartaram dos outros dois mas decidiram
logo à partida não pensar muito sobre o assunto.
Dezenas de anos mais tarde os quatro permaneciam juntos
Tanto pensaram que decidiram não pensar mais.
Os dois que ainda se falavam também deixaram de se falar e assim
criaram novos grupos de dois dentro do mesmo grupo de quatro.
Dezenas de anos passaram e um dos dois morreu.
Os três, ficaram sentados numa couve lombarda até ao fim das
suas vidas, a chorar e a pensar no seu amigo.
Ferial
sinto nada e tudo à volta do meu ir.
Apetece voltar.
Para onde?
Para lá.
Para quê?
para acalmar, sentir e ficar.
Formalmente?
Não.
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Cuidado com o SI Bemol
Boa noite sr. Alfredo! Como está o meu amigo? - cumprimentou o empregado do restaurante.
Cá se vai andando. Hoje trago uma fome dos diabos! - respondeu Alfredo
Nesse caso escolheu bem o dia para nos visitar. Temos uma óptima selecção de pratos! - disse o empregado apontando para o menu.
Hoje apetece-me experimentar um prato novo. Ora deixe cá ver... - Alfredo preparava-se para percorrer a lista.
Um prato novo? Tenho o ideal para si! Que tal lhe soa um belo piano acabadinho de fazer? -interrompendo o empregado.
Piano? Hmmm.... Sim! Sim! Soa muito bem! É isso mesmo que vou pedir. Venha de lá ele então. - o entusiasmo era notório na face de Alfredo.
Óptima escolha!! Não se vai arrepender. - o empregado piscou ligeiramente o olho em sinal de aprovação.
Passados vinte minutos...
Aqui está ele! É ou não é uma beleza de piano? - apresentou o empregado orgulhosamente.
Está com óptimo aspecto sim senhor! Não aguento mais. Vou já começar. - Alfredo nem esperou que o empregado se afastasse para dar a primeira garfada.
Ahahah! Isso é que era cá uma fome, hein sr. Alfredo? Espero que goste. Se precisar de alguma coisa, não hesite em chamar. - o empregado afastou-se.
Poucos minutos depois da primeira garfada...
Empregado? Empregado? Pode chegar aqui por favor? - Alfredo parecia perturbado.
Sim sr. Alfredo? Precisa de alguma coisa? - retorquiu prontamente o empregado.
Este piano tem certas zonas mal passadas! Você sabe perfeitamente que eu gosto da comida bem passada! Olhe aqui... metade do piano está mal passado. Parece mesmo que nem foi cozinhado, de tão branco que está. - Alfredo mostrava impaciência.
Ahah! - sorriu amistosamente o empregado. É mesmo assim sr. Alfredo. Há teclas brancas e outras pretas. Os pianos são mesmo assim. Pensei que soubesse disso.
Você está a implicar que eu não percebo de pianos? Pois fique a saber que ofereci um órgão à minha filha e as teclas eram todas pretas. Você sabe que não gosto de comida crua. Se soubesse de antemão que o piano vinha assim, tinha antes pedido um teclado daqueles pretos. Esses sim estão sempre como eu gosto! - Alfredo fez questão de se mostrar indignado.
Desculpe sr. Alfredo! Não lhe quis faltar ao respeito. Mas por favor não queira comparar a qualidade de um piano com a de um teclado. É verdade que o teclado preto vem bem passado, mas há teclas bastante indigestas. O "Enter", por exemplo, se não estiver muito bem condimentado, torna-se muito difícil de digerir. Isto já para não falar do "Space". - argumentou o empregado.
Sim sim. Não lhe quero tirar a razão. Realmente estas teclas pretas do piano são uma delícia. Mas mesmo assim, acho um desperdício dar um balúrdio por um piano e comer apenas metade das teclas. Veja lá o que pode fazer. - pediu teimosamente Alfredo.
Bom.... Aquilo que posso fazer é pedir à cozinheira que dê umas pinceladas de caramelo torrado para dar uma côrzita. Mas depois se calhar fica muito doce. Que acha? - desenrascou-se o empregado.
Mais vale doce que cru. Aproveito e fico logo despachado da sobremesa. Faz-se o dois-em-um. - gracejou Alfredo, visivelmente agradado com a solução apresentada.
Muito bem sr. Alfredo. Nesse caso, volto já com o seu piano. Com licença. - o empregado pega no piano e dirige-se à cozinha.
Passados cinco minutos...
Aqui tem sr. Alfredo. Espero que agora já esteja do seu agrado. - o empregado voltou a pousar o piano.
Está com um aspecto delicioso. Vou só acabar com as teclas pretas e depois passo às outras. - Alfredo mal podia esperar.
Parece ser boa táctica. Mas se fosse a si tinha cuidado com o SI Bemol. - avisou o empregado misteriosamente antes de se afastar novamente.
Alfredo ataca prontamente o resto do piano. As teclas pretas desaparecem num ápice. Sem perder tempo, Alfredo atira-se às teclas brancas caramelizadas. Ignorando o aviso do empregado, Alfredo arranca com ganância o SI Bemol e leva-o à boca. De repente, engasga-se na tecla e deixa de conseguir respirar. Tenta pedir ajuda, mas o restaurante está vazio. Na cozinha, a cozinheira estava atenta aos pratos e não conseguia ouvir os barulhos da sala devido ao som das batatas a fritar. Só restava o empregado. Onde está o empregado quando precisamos dele? - pensou o sr. Alfredo em aflição. O empregado estava na sala ao lado a espreitar o sr. Alfredo por um pequeno buraco que havia na parede. Estava a testemunhar a aflição do sr. Alfredo, mas nada fez para ajudar. Alfredo levanta-se em pânico, com a cara já a mudar de côr, e começa a correr em direcção à porta em busca de socorro. Na sala ao lado, o empregado vê a tentativa do sr. Alfredo e coloca-se prontamente em posição estratégica atrás da porta à espera do momento certo. Assim que Alfredo passa pela porta, o empregado estica a perna, provocando a queda da sua vítima. Ao cair, Alfredo bate com o pescoço na esquina de uma mesa, fazendo com que o SI Bemol lhe rasgasse a garganta. A esvair-se em sangue, Alfredo olha para cima e vê o empregado a olhar para ele com um sorriso sarcástico. O empregado agacha-se, e diz: eu não disse para ter cuidado com o SI Bemol? Moral da história: Se não percebes de música, fica-te pela informática.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Epifania
Adormecera no sofá com um saco de gomas no colo. Apenas um pequeno urso vermelho envolto em açúcar escapara à minha fúria. Como terá isto acontecido? Nunca deixo nada ao acaso! Terá usado as suas pequenas garras engomadas para se manter agarrado ao topo da embalagem, camuflado entre as letras vermelhas do plástico? O manhoso! Mas eu estava cansado. Decidi que iria prolongar a vida do urso por mais umas horas. Mas não por muito tempo, poderia eu ter pensado. Iria servir de entrada ao nestum matinal. Longe de mim deixar ursos à solta em minha casa! Dormia descansado.... Passaram umas horas... De repente, senti uma comichão no nariz! Ainda dormente, passei instintivamente a mão na cara para aliviar a sensação incómoda. Já passou! Preparava-me para repousar novamente... Passados poucos instantes... ZÁS!!! Fui atacado de novo! Desta vez não fora uma comichão, mas sim uma pressão no interior da narina direita. O desconforto tinha sido tal que me obriguei a acordar. Levei um dedo ao nariz para tentar perceber o que se passava. E foi então que senti... uma substância áspera cobria a entrada da narina. Com o dedo, apercebi-me que a substância se estendia num trilho para baixo do nariz. Preguiçoso, envolto na escuridão, percorri o trilho com o dedo. Senti que a substância descrevia uma linha recta que ia desde a narina até à gola da t-shirt que usava. Continuei a seguir o rasto que se estendia para sul ao longo da t-shirt... lentamente... até que... o dedo tocou num bocado de plástico. NÃO!!!! Não pode ser!!! O rasto acabava no saco das gomas! O desenho começou a esboçar-se na minha cabeça. Mas... Não! Não pode ser! Não é possível! Peguei no pacote das gomas e saltei na direcção do interruptor da luz. Liguei o interruptor, mas... nada! Só faltava esta... não há electricidade! Ansioso, apalpei as paredes até chegar à cozinha. Abri uma gaveta onde tinha guardadas algumas velas e um isqueiro para momentos como este. Estava ansioso... acendi a vela... apontei de imediato a luz em direcção ao pacote e... NÃO!!! O impensável confirmou-se! O urso tinha desaparecido! Tentei controlar a imaginação, procurando na mente razões lógicas para aquilo ter acontecido. As gomas não se mexem sozinhas (repeti várias vezes para comigo). Já sei! Claro! Foi a minha mulher! Sou tão estúpido! Tirou o urso do pacote e espalhou o açúcar. Ela não gosta nada que eu adormeça no sofá. Que óbvio! Esbocei um sorriso no canto do lábio, como que controlando completamente os acontecimentos. Dirigi-me à cama para me vingar. Estava decidido em retribuir a gracinha. Ainda com a vela acesa numa mão e com o pacote das gomas na outra, abri a porta do quarto. Aproximei-me da cama, mas... a cama estava vazia?!?!?! Chamei por ela, mas não obtive resposta. Apalpei a cama para ver se estava quente. A cama estava fria! Passei a mão pela almofada... e... hã!!!! Outra vez?!? Não pode ser!!! Aproximei a vela da almofada... era... açúcar?!? A almofada estava coberta de açúcar! Mas que merda de brincadeira vem a ser esta?!?!? A ânsia passara a nervosismo. Procurei em todos os quartos. Em todos os cantos e recantos. Nada! A minha mulher tinha desaparecido! O que é que se passa aqui? A minha imaginação começou a explodir. Começaram a vir-me imagens à cabeça de filmes como o Seven e de séries de investigação criminal. Mas o que é que está a acontecer aqui? Tenho de me controlar. Calma! Tenho de raciocinar. As gomas não ganham vida. E muito menos raptam pessoas. Por outro lado... como seria possível alguém passar-me açúcar pela cara sem que eu acordasse? Mais estranho ainda... como é que eu não me apercebi da presença de alguém quando acordei com aquela pressão no nariz? Impossível! Calma! Calma! Primeiro tenho de acender as luzes. O quadro deve ter disparado. Abri a pequena porta do quadro da electricidade e preparei-me para ligar todos os botões. Mas... os botões estavam todos ligados!?!?! Então foi geral. Só pode. Quando estava para fechar a porta do quadro, reparei nuns fios soltos no quadro!!! Apontei a luz da vela... estavam cortados!!! Ao lado dos fios, pousado num pedaço de plástico, reparei em algo ainda mais macabro: uma tesoura minúscula feita de... GoMa?!?!?! MAS QUE BRINCADEIRA DOENTIA É ESTA?!?! (gritou a minha mente já assustada). No meio do pânico, algo me fez apontar a luz da vela para o saco das gomas. Li o rótulo vermelho. Noutra qualquer situação, aquilo que li não teria qualquer impacto na minha imaginação. Mas naquele momento, o meu sangue gelou... No topo do pacote, em letras vermelho-sangue, lia-se: Ursinhos Ninja. A palavra ninja fez disparar o meu coração. Soltou-se a imaginação. Lembrei-me da comichão e da pressão no nariz... O pânico instalava-se! A loucura começava a apoderar-se de mim. O urso ninja tinha entrado no meu corpo pela narina em busca de vingança. Comi toda a sua família a sangue-frio! Que horrores se esconderiam na pequena mente do urso ninja? Ele já tinha dado provas da sua competência desumana. Fugira do pacote, raptara a minha mulher, cortara os fios da electricidade e entrara no meu corpo. E tudo isto nas minhas barbas. A vingança seria terrível concerteza! Tinha começado a imaginar 1001 formas de tortura, quando senti uma dôr angustiante na barriga. Terrível e fugaz como um relâmpago, a dôr atravessou-me a zona abdominal. ARRRGH!!! Pronto! Começou... Sabia que este seria apenas o primeiro indício do horror que seguiria... Outra... AAAAAARRGGHHHH!!! Ainda mais forte! Sentia algo a cortar-me as entranhas. Algo a querer sair... as dores eram insuportáveis. Não havia nada a fazer... Estava prestes a desmaiar. Uma pequena lâmina de goma surgiu por entre as minhas tripas e, como que em forma de golpe final, rasgou um enorme buraco no meu ventre. Antes de perder os sentidos, por entre as tripas, consegui vislumbrar o urso ninja a caminhar na minha direcção com pedaços de goma de várias cores entre os braços. Eram os restos dos seus familiares. Os mesmos familiares que eu havia trocidado com os dentes. Especado em cima do meu peito, o urso ninja pousou resignadamente os restos mortais da sua família à minha frente e olhou-me nos olhos. Os seus olhos transbordavam um misto de tristeza e de sabedoria. Ainda me restavam alguns minutos de vida até me esvair completamente em sangue. Mas nesse momento... morri! Que direito divino teria eu de decidir sobre a vida de uma família de ursos de goma? Seria a vida deles menos importante que a minha? Não! A resposta estava no olhar do urso ninja... Não! A vida está em todo o lado. Nas gomas, no pacote, na vela que ainda tinha na mão... Somos todos feitos da mesma matéria. Estamos todos interligados. Caminhamos todos para o mesmo fim... Merecia morrer. Queria morrer. Reuni todas as energias que me sobravam para manter contacto visual com o urso e disse: desculpa... Desculpa porquê??? - respondeu uma voz aguda. Levanta mas é a peida do sofá e vai trabalhar, que já estás atrasado como de costume. E vê lá se não entornas o açúcar do pacote para cima do sofá. Hã?!?! Abri os olhos e vi a imagem enovoada da minha mulher. Olhei para o pacote das gomas... ainda lá estava o urso vermelho coberto de açucar. Olhei novamente para a minha mulher. Levantei-me num pulo e beijei-a... beijei-a como se fosse a primeira vez! Estava feliz... não só por estar vivo, mas por sentir que me tinha sido dada uma nova oportunidade de viver. A mensagem tinha passado. Olhei em redor. Estava tudo no mesmo sítio. A casa era a mesma... mas era tudo diferente... sorri...
terça-feira, 15 de julho de 2008
A vida a "noz" pertence
E assim nasceu o corvo, condenado à morte ainda ovo.
Fruto de uma rara traição na sua raça, foi abandonado pelos pais entre duas rochas.
Certo dia uma velha víbora já enfraquecida, tentava partir uma noz com uma pedra. Com problemas de estômago, dentes frágeis e veneno estéril, cruzou-se com um pequeno berlinde ainda cinzento. Sabendo que pouco tempo de vida lhe restava, engendrou o derradeiro plano:
A última caçada! – sorriu a cobra com poucos dentes mas com muita manha.
O ovo mole era ainda demasiado pequeno para a satisfazer e, com este esquema sentiria novamente a emoção que lhe fugia há uns anos. Bons velhos e vigorosos tempos – lembrou, ao mesmo tempo que uma gota de saliva se lhe escorreu da boca até ao rabo.
- É só esperar meio mês! – Decidiu.
Aquecer bem o ovo, esperar que o rebento saia e ataca-lo que nem caça grossa. – Imaginou.
Passadas umas semanas, o franzino e trémulo corvo bicou o ovo sem sucesso. A experiente víbora, excitadíssima com a possibilidade de voltar a caçar, pegou na noz e rachou o ovo; o corvo pôs-se a caminho da luz e a cobra arrancou-lhe a primeira coisa a sair da casca: a pata.
Mas a emoção foi tanta que o coração não aguentou o disparo e, fulminantemente, de velha passou a morta.
E assim sobreviveu o corvo, condenado à morte ainda ovo.
A pobre cria voltou para a casca. Com fome, sem força na pata e sem penas nas asas para alcançar uma noz que avistava a uns metros, alimentou-se da cobra. Os seguintes vinte e cinco dias passou-os a olhar para a noz, com ânsia de ter penas e voar até ela. Os dias foram passando; as penas, as asas e a ânsia de comer a noz foram crescendo.
Já com força e cheio de esperança, mirou a noz, ganhou fôlego e levantou voou em direcção ao fruto seco. Atrapalhado, caiu desamparado a um metro do objectivo, partiu uma asa e viu a noz ser resgatada por uma gralha já adulta.
E assim cresceu o corvo, condenado à morte ainda ovo.
Todos os dias, ao dormir, sonhava que lhe era permitido andar e voar, comendo todas as nozes que encontrava, chegando primeiro que outros animais. Acordava sempre com a certeza que tinha as duas patas. Espreguiçava as asas, dava o primeiro passo e, ao segundo, caía para o lado.
Tinha um ar débil. A sua alimentação resumia-se a raízes desnutridas e frutos podres; os únicos seres que conseguia perseguir e caçar ao pé-coxinho eram caracóis e lesmas, mas contrariando os hábitos carnívoros e necrófagos da sua espécie, recusava alimentar-se de animais; a víbora tinha sido uma excepção. Puro instinto.
Pobre cobra, queria roubar-me a vida e acabou por ma oferecer. – Concluiu ao adormecer numa noite como tantas outras.
E assim envelheceu o corvo, condenado à morte ainda ovo.
Certo dia ao acordar…
Ouviu gargalhadas em tom muito fino. Recompôs-se da queda. Estava a sonhar novamente.
Ainda de olhos fechados, não quis dar a asa a torcer e, orgulhoso, continuou com a cabeça dirigida ao sol.
Mas aqueles risos irritantes prolongaram-se…
Abriu o olho direito, olhou de esguelha por trás da asa e observou duas toupeiras a comer nozes e a rir, de costas no chão batendo com as patas na barriga.
- Viste aquilo? – diz, quase sem ar, uma toupeira para a outra.
- Cala-te que dói-me a barriga de tanto rir! – respondeu a outra
Tentou aproximar-se delas com o intuito de pedir uma noz, mas as toupeiras entraram no primeiro buraco que encontraram. O som dos risos foi-se abafando progressivamente.
Muito devagar, o corvo, na esperança de poder saborear um bocado de noz, dirigiu-se até ao local. Encontrou apenas cascas partidas.
A partir desse dia, começou a acordar com o riso das toupeiras.
Um dia as duas inseparáveis roedoras, ao preparar o assento á sombra para assistir ao espectáculo matinal, olharam em frente e viram o corvo moribundo deitado no chão.
Piedosamente, pegaram na noz e aproximaram-se dele.
O corvo levantou-se de repente, esgotando toda a energia que lhe restava, e perguntou-lhes:
- Quem me faz acordar ao som de gargalhadas todos os dias?
As toupeiras, ainda estupefactas, cruzam o olhar durante segundos, olham para o corvo e respondem arrependidos:
- Somos nós!
- Noz?
E assim morreu o corvo, condenado à morte ainda ovo.
"Bowling for Malvarosa"
"Quem vem e atravessa o rio, junto á serra do Pilar..."
Rui Veloso? Que merda de sonho este que não me deixa dormir?! - questionei, espantado e sem saber que estava acordado.
Um som de telefonia agudo, mas com uns watts a mais, tinha interrompido o meu sono! Mas que raio...
- Vou fechar os olhos e adormeço num instante - pensei
" ...E esse teu ar grave e sério, dum rosto e cantaria..."
- Caralho! Mas que cabrão de vizinho é este? Quero dormir! - passei-me
- Se Alverca estivesse no país logo abaixo do Canadá, vestia o roupão, ia ao Orge ou á Teledesporto comprar uma metralhadora Colt M16, passava no Pingo Doce para comprar um cinto de munições, um camuflado, um gorro preto e umas botas e... passado 2 anos estariam a fazer um documentário intitulado "Bowling for Malvarosa".
Inclinei o corpo, apoiei o cotovelo esquerdo no colchão e, com o punho direito cerrado, bati na parede várias vezes com a máxima força. Num gesto brusco desses, dei um jeito nas costas e bati com o osso do pulso na parede:
- Ahhhh, foda-se!
5:33 AM
"... de milhafre ferido na asa."
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Granda Maluco
Nelson Mandela esteve preso 30 anos para defender o fim do regime do “apartheid”, “Estou na prisão como um representante do povo e da sua organização (…) Apenas homens livres podem negociar (…) Prisioneiros não assinam contratos (…) Não posso dar e não darei nenhuma garantia enquanto eu e vocês, meu povo, não estivermos livres. A sua liberdade e a minha não podem ser separadas. Eu voltarei."
Charles Manson, considerado como “o homem mais maligno e satânico que já caminhou na face da terra”. Tinha como objectivo começar uma guerra, que seria a maior de sempre na Terra e acredita que pode mesmo mudar a sua pena de prisão perpétua para condicional.
O uso da expressão “Granda Maluco” é hoje usada regularmente e são várias as figuras que na maior das calmas entram neste pote tão diversificado.
Cristiano Ronaldo, com tenra idade acredita que consegue fintar uma equipa inteira, nem que esta seja uma das melhores equipas com os melhores jogadores do mundo. Ao acreditar que consegue é logo um granda maluco e acaba mesmo muitas vezes por consegui-lo.
Poderia sem grande esforço continuar a tirar malucos do pote mas julgo que será mais interessante deixar-vos evocar os vossos e meditar sobre este assunto. Será também um belo tema para um celso jantar.
Tenho visto a truta que roubou o Telmo e desejo que o próximo texto ande já nesses meandros.
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Vou perder a Virgindade
e de facto é realmente muito interessante este fenómeno dos blogs.
É a minha primeira.
Muito obrigado pelo convite. Foi uma desmedida, será.
Ser convidado a participar num blogue por alguém
fogueira de lenha e água, aviso que tal poderá ser ainda melhor.
Como nos habituou o cinema, começo por me apresentar,
Assim, concluo dizendo que sou maluco mas não tolo.
Mas o que é um maluco?
Alguém aqui no ciberespaço diz que é um indíviduo cujo
Darei a minha resposta no próximo texto.
Até lá ou até já.
Obrigado Telmo
Be afraid.... Be very afraid
Be afraid.... be very afraid.
PS: estávamos aqui no messenger a falar e fiz um reparo interessante: "temos as mesmas iniciais do nome e apelido - TD".
As iniciais fazem-me lembrar várias coisas, mas a primeira que me vem a cabeça é Turbo Diesel.
E isto leva-me a pensar o seguinte: "E se convidasse mais amigos cujas iniciais dos seus nomes e apelidos estivessem ligadas a componentes automóveis? Assim este blog já teria algum nexo! Poderíamos ser os precursores do "blog tunning"
O meu irmão chama-se Hugo Duarte. HD não serve; está muito associado aos plasmas e computadores... quando ele se casasse com alguém com o apelido "Isaura" convidava-o para escrever no blog.
Entretanto tenho de ver se faço amizade com alguém chamado António Bruno Saraiva ou Gilberto Paulo Santos.
Se calhar é má ideia.
U Hell Come: Tiago
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Conto do espaço que fica para o lado de lá
Tenho uns minutos para ter uma ideia. Gostava de escrever o 1º post para este blog que criei "sem querer" e, porque não, "sem crer"; é este o desafio a que me proponho. Estou a tentar justificar as 2 horas que perdi para fazer o blog. Já contei esta parte. Tenho pouco tempo.
Portanto vamos lá ver, algo me ocorrerá.
... só me vêm coisas absurdas á cabeça; mas vou aproveitar a única ideia disponível a esta hora: pensar em três palavras e introduzi-las num pequeno conto que tem de ser escrito de forma instantânea. É uma ideia!
Três coisas. Podem ser as seguintes: truta, amendoins e leite.
É um tipo de escrita arriscada, (aliás, acho que já arrisquei o suficiente com esta introdução). Agora corro o sério risco de abrir a porta de casa um dia destes e aparecerem dois gorilas com um colete de forças e 2 seringas a espirrar gotas de sedativo para o tecto. Ficarei atento.
Vou despachar isto, então:
Certo dia encontrei uma truta à beira da estrada, sentada numa grade de cerveja descolorada pelo sol, com uma caneca de alumínio na mão e perguntei-lhe:
- "Olhe, a senhora sente-se bem?"
- "Quer-me parecer que estou a desidratar; sinto-me fraca" - respondeu ela com pouco fôlego.
- "Então você, uma truta já feita, não sabe cuidar da saúde? Já deveria saber que não deve estar exposta ao sol, ainda por cima a ingerir bebidas alcoólicas!" - perguntei, exclamando
De repente, a truta com um ar flácido, pousa a caneca no chão, dá um impulso para se levantar e....
- "Ai menino, ajude-me que estou a ir desta para melhor" - disse, sem firmeza na voz.
Encostei o meu peito ao dela, agarrei-a em posição de dança para evitar que caísse no chão e, com toda a delicadeza, deitei-a na sombra fresca que o toldo da barraca - da vendedora de amendoins - oferecia naquela hora.
Ao fundo avisto um homem com um copo na mão a bracejar e a gritar algo imperceptível. Ignorei.
Vou com a mão ao bolso pegar no telemóvel e ligar para o 112 e… estava vazio. Telemóvel, carteira, tabaco e até o lenço com as minhas iniciais bordadas a linho.
Olhei para trás e a truta já não estava na sombra. Fiquei parvo a olhar para o chão. Parei no tempo. Estarei a delirar? Uma truta???
... entretanto aproximou-se o homem com um copo na mão e com a t-shirt cheia de nódoas brancas. - "Serão nódoas de leite?" - pensei para mim, após ver que o copo estava vazio.
Ofegante, chegou-se ao meu ouvido e murmurou:
- "Amigo, vim só para lhe transmitir a moral deste conto”
- Ai sim, e qual é? – saiu-me a pergunta
- “Nunca se sabe quando um peixe está a beber água”



