sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Lost in translation

Numa visita a uma oficina onde eram concebidos tamancos de madeira - calçado característico do país e que é, incrivelmente, um excelente isolador térmico - o artesão, de vestimenta rural, começa a explicar todo o processo.
Parecia uma conferencia de imprensa daquelas apresentações de um jogador de futebol, tantos eram os flashs. (Este aparte parece um pouco despropositado mas não é, pois toda a gente sabe que a palavra flash está associada a um único povo...)


O simpatico artesão explicou tudo num inglês perfeito, num francês perfeito e em mandarim - ou cantonês -, para mim, mais do que perfeito! E foi nesta altura que se ouviu um "bruaaa" no atelier. Quando o rosado holandês começa a explicar o método naquela lingua, a maior parte dos braços presentes fizeram descer as cameras e mostrar a cara dos sujeitos pela primeira vez. Eram pequenos chineses! A surpresa deles foi grande e lá começaram a acenar positivamente a cabeça a cada palavra do artesão, como quem diz: "sim, sim, é assim que se diz, sim, sim, boa, boa, ahhh, fixe, sim (agora imaginem chineses a fazer isto com movimentos chineses.)

E este acontecimento, naquele mesmo instante, fez transportar o rapaz portugues para uma situação paralela:

Era uma vez uma fábrica de calçado em Sta Maria da Feira. O operário de farda azul violeta, alto e com um tique de cabelo, explica a uma cambada de turistas, ao ritmo de flashs, como se fazem sapatos em Portugal. Finaliza após 2 minutos de conversa com uma mão na anca:

- "Está percebido?"

Dois jovens portugueses dizem que sim, oito ocidentais mostram cara de surpresa e os flashs continuam a disparar...

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