O restaurante tinha acabado de abrir naquele dia. O sr. Alfredo, cliente habitual, foi o primeiro a chegar. Era o único cliente no estabelecimento.
Boa noite sr. Alfredo! Como está o meu amigo? - cumprimentou o empregado do restaurante.
Cá se vai andando. Hoje trago uma fome dos diabos! - respondeu Alfredo
Nesse caso escolheu bem o dia para nos visitar. Temos uma óptima selecção de pratos! - disse o empregado apontando para o menu.
Hoje apetece-me experimentar um prato novo. Ora deixe cá ver... - Alfredo preparava-se para percorrer a lista.
Um prato novo? Tenho o ideal para si! Que tal lhe soa um belo piano acabadinho de fazer? -interrompendo o empregado.
Piano? Hmmm.... Sim! Sim! Soa muito bem! É isso mesmo que vou pedir. Venha de lá ele então. - o entusiasmo era notório na face de Alfredo.
Óptima escolha!! Não se vai arrepender. - o empregado piscou ligeiramente o olho em sinal de aprovação.
Passados vinte minutos...
Aqui está ele! É ou não é uma beleza de piano? - apresentou o empregado orgulhosamente.
Está com óptimo aspecto sim senhor! Não aguento mais. Vou já começar. - Alfredo nem esperou que o empregado se afastasse para dar a primeira garfada.
Ahahah! Isso é que era cá uma fome, hein sr. Alfredo? Espero que goste. Se precisar de alguma coisa, não hesite em chamar. - o empregado afastou-se.
Poucos minutos depois da primeira garfada...
Empregado? Empregado? Pode chegar aqui por favor? - Alfredo parecia perturbado.
Sim sr. Alfredo? Precisa de alguma coisa? - retorquiu prontamente o empregado.
Este piano tem certas zonas mal passadas! Você sabe perfeitamente que eu gosto da comida bem passada! Olhe aqui... metade do piano está mal passado. Parece mesmo que nem foi cozinhado, de tão branco que está. - Alfredo mostrava impaciência.
Ahah! - sorriu amistosamente o empregado. É mesmo assim sr. Alfredo. Há teclas brancas e outras pretas. Os pianos são mesmo assim. Pensei que soubesse disso.
Você está a implicar que eu não percebo de pianos? Pois fique a saber que ofereci um órgão à minha filha e as teclas eram todas pretas. Você sabe que não gosto de comida crua. Se soubesse de antemão que o piano vinha assim, tinha antes pedido um teclado daqueles pretos. Esses sim estão sempre como eu gosto! - Alfredo fez questão de se mostrar indignado.
Desculpe sr. Alfredo! Não lhe quis faltar ao respeito. Mas por favor não queira comparar a qualidade de um piano com a de um teclado. É verdade que o teclado preto vem bem passado, mas há teclas bastante indigestas. O "Enter", por exemplo, se não estiver muito bem condimentado, torna-se muito difícil de digerir. Isto já para não falar do "Space". - argumentou o empregado.
Sim sim. Não lhe quero tirar a razão. Realmente estas teclas pretas do piano são uma delícia. Mas mesmo assim, acho um desperdício dar um balúrdio por um piano e comer apenas metade das teclas. Veja lá o que pode fazer. - pediu teimosamente Alfredo.
Bom.... Aquilo que posso fazer é pedir à cozinheira que dê umas pinceladas de caramelo torrado para dar uma côrzita. Mas depois se calhar fica muito doce. Que acha? - desenrascou-se o empregado.
Mais vale doce que cru. Aproveito e fico logo despachado da sobremesa. Faz-se o dois-em-um. - gracejou Alfredo, visivelmente agradado com a solução apresentada.
Muito bem sr. Alfredo. Nesse caso, volto já com o seu piano. Com licença. - o empregado pega no piano e dirige-se à cozinha.
Passados cinco minutos...
Aqui tem sr. Alfredo. Espero que agora já esteja do seu agrado. - o empregado voltou a pousar o piano.
Está com um aspecto delicioso. Vou só acabar com as teclas pretas e depois passo às outras. - Alfredo mal podia esperar.
Parece ser boa táctica. Mas se fosse a si tinha cuidado com o SI Bemol. - avisou o empregado misteriosamente antes de se afastar novamente.
Alfredo ataca prontamente o resto do piano. As teclas pretas desaparecem num ápice. Sem perder tempo, Alfredo atira-se às teclas brancas caramelizadas. Ignorando o aviso do empregado, Alfredo arranca com ganância o SI Bemol e leva-o à boca. De repente, engasga-se na tecla e deixa de conseguir respirar. Tenta pedir ajuda, mas o restaurante está vazio. Na cozinha, a cozinheira estava atenta aos pratos e não conseguia ouvir os barulhos da sala devido ao som das batatas a fritar. Só restava o empregado. Onde está o empregado quando precisamos dele? - pensou o sr. Alfredo em aflição. O empregado estava na sala ao lado a espreitar o sr. Alfredo por um pequeno buraco que havia na parede. Estava a testemunhar a aflição do sr. Alfredo, mas nada fez para ajudar. Alfredo levanta-se em pânico, com a cara já a mudar de côr, e começa a correr em direcção à porta em busca de socorro. Na sala ao lado, o empregado vê a tentativa do sr. Alfredo e coloca-se prontamente em posição estratégica atrás da porta à espera do momento certo. Assim que Alfredo passa pela porta, o empregado estica a perna, provocando a queda da sua vítima. Ao cair, Alfredo bate com o pescoço na esquina de uma mesa, fazendo com que o SI Bemol lhe rasgasse a garganta. A esvair-se em sangue, Alfredo olha para cima e vê o empregado a olhar para ele com um sorriso sarcástico. O empregado agacha-se, e diz: eu não disse para ter cuidado com o SI Bemol? Moral da história: Se não percebes de música, fica-te pela informática.
quinta-feira, 17 de julho de 2008
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1 Únicos comentários disponíveis::
Já a avó dizia, quando me ouvia tocar guitarra:
- Teeeelmo, diz que é preciso ter cuidado com o Si Bemol
Sempre ignorei
Um dia dei um peido e caguei-me nas cuecas.
A avó viu e disse:
- Teeeelmo, diz que é preciso ter cuidado com Si Bemol
Ao almoço, ligo a tv da cozinha...
"Cibemol, um laxante á sua medida"
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