quarta-feira, 9 de julho de 2008

Conto do espaço que fica para o lado de lá

Tenho uns minutos para ter uma ideia. Gostava de escrever o 1º post para este blog que criei "sem querer" e, porque não, "sem crer"; é este o desafio a que me proponho. Estou a tentar justificar as 2 horas que perdi para fazer o blog. Já contei esta parte. Tenho pouco tempo.

Portanto vamos lá ver, algo me ocorrerá.

... só me vêm coisas absurdas á cabeça; mas vou aproveitar a única ideia disponível a esta hora: pensar em três palavras e introduzi-las num pequeno conto que tem de ser escrito de forma instantânea. É uma ideia!

Três coisas. Podem ser as seguintes: truta, amendoins e leite.

É um tipo de escrita arriscada, (aliás, acho que já arrisquei o suficiente com esta introdução). Agora corro o sério risco de abrir a porta de casa um dia destes e aparecerem dois gorilas com um colete de forças e 2 seringas a espirrar gotas de sedativo para o tecto. Ficarei atento.

Vou despachar isto, então:

Certo dia encontrei uma truta à beira da estrada, sentada numa grade de cerveja descolorada pelo sol, com uma caneca de alumínio na mão e perguntei-lhe:

- "Olhe, a senhora sente-se bem?"

- "Quer-me parecer que estou a desidratar; sinto-me fraca" - respondeu ela com pouco fôlego.

- "Então você, uma truta já feita, não sabe cuidar da saúde? Já deveria saber que não deve estar exposta ao sol, ainda por cima a ingerir bebidas alcoólicas!" - perguntei, exclamando

De repente, a truta com um ar flácido, pousa a caneca no chão, dá um impulso para se levantar e....

- "Ai menino, ajude-me que estou a ir desta para melhor" - disse, sem firmeza na voz.

Encostei o meu peito ao dela, agarrei-a em posição de dança para evitar que caísse no chão e, com toda a delicadeza, deitei-a na sombra fresca que o toldo da barraca - da vendedora de amendoins - oferecia naquela hora.

Ao fundo avisto um homem com um copo na mão a bracejar e a gritar algo imperceptível. Ignorei.

Vou com a mão ao bolso pegar no telemóvel e ligar para o 112 e… estava vazio. Telemóvel, carteira, tabaco e até o lenço com as minhas iniciais bordadas a linho.

Olhei para trás e a truta já não estava na sombra. Fiquei parvo a olhar para o chão. Parei no tempo. Estarei a delirar? Uma truta???

... entretanto aproximou-se o homem com um copo na mão e com a t-shirt cheia de nódoas brancas. - "Serão nódoas de leite?" - pensei para mim, após ver que o copo estava vazio.

Ofegante, chegou-se ao meu ouvido e murmurou:

- "Amigo, vim só para lhe transmitir a moral deste conto”

- Ai sim, e qual é? – saiu-me a pergunta

- “Nunca se sabe quando um peixe está a beber água”

2 Únicos comentários disponíveis::

Anónimo disse...

Gostei muito. Pleno de espontaniedade e momentos absolutamente deliciosos. Refrescante. A imagem da truta não me sai da cabeça, será possivel? ainda por cima sentada em cima de uma grade de cervejas.

Sophia disse...

Neste dia, a truta teve de ir ao Templários pagar uns copos à malta que lá estava e pediu-te o guito emprestado. Eu confirmo que a missão foi cumprida e foram uns quantos copos nesta noite. Boa carteira! lol Agora, podes ir atrás dela para recuperares a carteira. :)

beijinhos
ps.: vou estar atenta ao blog