quinta-feira, 17 de julho de 2008
Cuidado com o SI Bemol
Boa noite sr. Alfredo! Como está o meu amigo? - cumprimentou o empregado do restaurante.
Cá se vai andando. Hoje trago uma fome dos diabos! - respondeu Alfredo
Nesse caso escolheu bem o dia para nos visitar. Temos uma óptima selecção de pratos! - disse o empregado apontando para o menu.
Hoje apetece-me experimentar um prato novo. Ora deixe cá ver... - Alfredo preparava-se para percorrer a lista.
Um prato novo? Tenho o ideal para si! Que tal lhe soa um belo piano acabadinho de fazer? -interrompendo o empregado.
Piano? Hmmm.... Sim! Sim! Soa muito bem! É isso mesmo que vou pedir. Venha de lá ele então. - o entusiasmo era notório na face de Alfredo.
Óptima escolha!! Não se vai arrepender. - o empregado piscou ligeiramente o olho em sinal de aprovação.
Passados vinte minutos...
Aqui está ele! É ou não é uma beleza de piano? - apresentou o empregado orgulhosamente.
Está com óptimo aspecto sim senhor! Não aguento mais. Vou já começar. - Alfredo nem esperou que o empregado se afastasse para dar a primeira garfada.
Ahahah! Isso é que era cá uma fome, hein sr. Alfredo? Espero que goste. Se precisar de alguma coisa, não hesite em chamar. - o empregado afastou-se.
Poucos minutos depois da primeira garfada...
Empregado? Empregado? Pode chegar aqui por favor? - Alfredo parecia perturbado.
Sim sr. Alfredo? Precisa de alguma coisa? - retorquiu prontamente o empregado.
Este piano tem certas zonas mal passadas! Você sabe perfeitamente que eu gosto da comida bem passada! Olhe aqui... metade do piano está mal passado. Parece mesmo que nem foi cozinhado, de tão branco que está. - Alfredo mostrava impaciência.
Ahah! - sorriu amistosamente o empregado. É mesmo assim sr. Alfredo. Há teclas brancas e outras pretas. Os pianos são mesmo assim. Pensei que soubesse disso.
Você está a implicar que eu não percebo de pianos? Pois fique a saber que ofereci um órgão à minha filha e as teclas eram todas pretas. Você sabe que não gosto de comida crua. Se soubesse de antemão que o piano vinha assim, tinha antes pedido um teclado daqueles pretos. Esses sim estão sempre como eu gosto! - Alfredo fez questão de se mostrar indignado.
Desculpe sr. Alfredo! Não lhe quis faltar ao respeito. Mas por favor não queira comparar a qualidade de um piano com a de um teclado. É verdade que o teclado preto vem bem passado, mas há teclas bastante indigestas. O "Enter", por exemplo, se não estiver muito bem condimentado, torna-se muito difícil de digerir. Isto já para não falar do "Space". - argumentou o empregado.
Sim sim. Não lhe quero tirar a razão. Realmente estas teclas pretas do piano são uma delícia. Mas mesmo assim, acho um desperdício dar um balúrdio por um piano e comer apenas metade das teclas. Veja lá o que pode fazer. - pediu teimosamente Alfredo.
Bom.... Aquilo que posso fazer é pedir à cozinheira que dê umas pinceladas de caramelo torrado para dar uma côrzita. Mas depois se calhar fica muito doce. Que acha? - desenrascou-se o empregado.
Mais vale doce que cru. Aproveito e fico logo despachado da sobremesa. Faz-se o dois-em-um. - gracejou Alfredo, visivelmente agradado com a solução apresentada.
Muito bem sr. Alfredo. Nesse caso, volto já com o seu piano. Com licença. - o empregado pega no piano e dirige-se à cozinha.
Passados cinco minutos...
Aqui tem sr. Alfredo. Espero que agora já esteja do seu agrado. - o empregado voltou a pousar o piano.
Está com um aspecto delicioso. Vou só acabar com as teclas pretas e depois passo às outras. - Alfredo mal podia esperar.
Parece ser boa táctica. Mas se fosse a si tinha cuidado com o SI Bemol. - avisou o empregado misteriosamente antes de se afastar novamente.
Alfredo ataca prontamente o resto do piano. As teclas pretas desaparecem num ápice. Sem perder tempo, Alfredo atira-se às teclas brancas caramelizadas. Ignorando o aviso do empregado, Alfredo arranca com ganância o SI Bemol e leva-o à boca. De repente, engasga-se na tecla e deixa de conseguir respirar. Tenta pedir ajuda, mas o restaurante está vazio. Na cozinha, a cozinheira estava atenta aos pratos e não conseguia ouvir os barulhos da sala devido ao som das batatas a fritar. Só restava o empregado. Onde está o empregado quando precisamos dele? - pensou o sr. Alfredo em aflição. O empregado estava na sala ao lado a espreitar o sr. Alfredo por um pequeno buraco que havia na parede. Estava a testemunhar a aflição do sr. Alfredo, mas nada fez para ajudar. Alfredo levanta-se em pânico, com a cara já a mudar de côr, e começa a correr em direcção à porta em busca de socorro. Na sala ao lado, o empregado vê a tentativa do sr. Alfredo e coloca-se prontamente em posição estratégica atrás da porta à espera do momento certo. Assim que Alfredo passa pela porta, o empregado estica a perna, provocando a queda da sua vítima. Ao cair, Alfredo bate com o pescoço na esquina de uma mesa, fazendo com que o SI Bemol lhe rasgasse a garganta. A esvair-se em sangue, Alfredo olha para cima e vê o empregado a olhar para ele com um sorriso sarcástico. O empregado agacha-se, e diz: eu não disse para ter cuidado com o SI Bemol? Moral da história: Se não percebes de música, fica-te pela informática.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Epifania
Adormecera no sofá com um saco de gomas no colo. Apenas um pequeno urso vermelho envolto em açúcar escapara à minha fúria. Como terá isto acontecido? Nunca deixo nada ao acaso! Terá usado as suas pequenas garras engomadas para se manter agarrado ao topo da embalagem, camuflado entre as letras vermelhas do plástico? O manhoso! Mas eu estava cansado. Decidi que iria prolongar a vida do urso por mais umas horas. Mas não por muito tempo, poderia eu ter pensado. Iria servir de entrada ao nestum matinal. Longe de mim deixar ursos à solta em minha casa! Dormia descansado.... Passaram umas horas... De repente, senti uma comichão no nariz! Ainda dormente, passei instintivamente a mão na cara para aliviar a sensação incómoda. Já passou! Preparava-me para repousar novamente... Passados poucos instantes... ZÁS!!! Fui atacado de novo! Desta vez não fora uma comichão, mas sim uma pressão no interior da narina direita. O desconforto tinha sido tal que me obriguei a acordar. Levei um dedo ao nariz para tentar perceber o que se passava. E foi então que senti... uma substância áspera cobria a entrada da narina. Com o dedo, apercebi-me que a substância se estendia num trilho para baixo do nariz. Preguiçoso, envolto na escuridão, percorri o trilho com o dedo. Senti que a substância descrevia uma linha recta que ia desde a narina até à gola da t-shirt que usava. Continuei a seguir o rasto que se estendia para sul ao longo da t-shirt... lentamente... até que... o dedo tocou num bocado de plástico. NÃO!!!! Não pode ser!!! O rasto acabava no saco das gomas! O desenho começou a esboçar-se na minha cabeça. Mas... Não! Não pode ser! Não é possível! Peguei no pacote das gomas e saltei na direcção do interruptor da luz. Liguei o interruptor, mas... nada! Só faltava esta... não há electricidade! Ansioso, apalpei as paredes até chegar à cozinha. Abri uma gaveta onde tinha guardadas algumas velas e um isqueiro para momentos como este. Estava ansioso... acendi a vela... apontei de imediato a luz em direcção ao pacote e... NÃO!!! O impensável confirmou-se! O urso tinha desaparecido! Tentei controlar a imaginação, procurando na mente razões lógicas para aquilo ter acontecido. As gomas não se mexem sozinhas (repeti várias vezes para comigo). Já sei! Claro! Foi a minha mulher! Sou tão estúpido! Tirou o urso do pacote e espalhou o açúcar. Ela não gosta nada que eu adormeça no sofá. Que óbvio! Esbocei um sorriso no canto do lábio, como que controlando completamente os acontecimentos. Dirigi-me à cama para me vingar. Estava decidido em retribuir a gracinha. Ainda com a vela acesa numa mão e com o pacote das gomas na outra, abri a porta do quarto. Aproximei-me da cama, mas... a cama estava vazia?!?!?! Chamei por ela, mas não obtive resposta. Apalpei a cama para ver se estava quente. A cama estava fria! Passei a mão pela almofada... e... hã!!!! Outra vez?!? Não pode ser!!! Aproximei a vela da almofada... era... açúcar?!? A almofada estava coberta de açúcar! Mas que merda de brincadeira vem a ser esta?!?!? A ânsia passara a nervosismo. Procurei em todos os quartos. Em todos os cantos e recantos. Nada! A minha mulher tinha desaparecido! O que é que se passa aqui? A minha imaginação começou a explodir. Começaram a vir-me imagens à cabeça de filmes como o Seven e de séries de investigação criminal. Mas o que é que está a acontecer aqui? Tenho de me controlar. Calma! Tenho de raciocinar. As gomas não ganham vida. E muito menos raptam pessoas. Por outro lado... como seria possível alguém passar-me açúcar pela cara sem que eu acordasse? Mais estranho ainda... como é que eu não me apercebi da presença de alguém quando acordei com aquela pressão no nariz? Impossível! Calma! Calma! Primeiro tenho de acender as luzes. O quadro deve ter disparado. Abri a pequena porta do quadro da electricidade e preparei-me para ligar todos os botões. Mas... os botões estavam todos ligados!?!?! Então foi geral. Só pode. Quando estava para fechar a porta do quadro, reparei nuns fios soltos no quadro!!! Apontei a luz da vela... estavam cortados!!! Ao lado dos fios, pousado num pedaço de plástico, reparei em algo ainda mais macabro: uma tesoura minúscula feita de... GoMa?!?!?! MAS QUE BRINCADEIRA DOENTIA É ESTA?!?! (gritou a minha mente já assustada). No meio do pânico, algo me fez apontar a luz da vela para o saco das gomas. Li o rótulo vermelho. Noutra qualquer situação, aquilo que li não teria qualquer impacto na minha imaginação. Mas naquele momento, o meu sangue gelou... No topo do pacote, em letras vermelho-sangue, lia-se: Ursinhos Ninja. A palavra ninja fez disparar o meu coração. Soltou-se a imaginação. Lembrei-me da comichão e da pressão no nariz... O pânico instalava-se! A loucura começava a apoderar-se de mim. O urso ninja tinha entrado no meu corpo pela narina em busca de vingança. Comi toda a sua família a sangue-frio! Que horrores se esconderiam na pequena mente do urso ninja? Ele já tinha dado provas da sua competência desumana. Fugira do pacote, raptara a minha mulher, cortara os fios da electricidade e entrara no meu corpo. E tudo isto nas minhas barbas. A vingança seria terrível concerteza! Tinha começado a imaginar 1001 formas de tortura, quando senti uma dôr angustiante na barriga. Terrível e fugaz como um relâmpago, a dôr atravessou-me a zona abdominal. ARRRGH!!! Pronto! Começou... Sabia que este seria apenas o primeiro indício do horror que seguiria... Outra... AAAAAARRGGHHHH!!! Ainda mais forte! Sentia algo a cortar-me as entranhas. Algo a querer sair... as dores eram insuportáveis. Não havia nada a fazer... Estava prestes a desmaiar. Uma pequena lâmina de goma surgiu por entre as minhas tripas e, como que em forma de golpe final, rasgou um enorme buraco no meu ventre. Antes de perder os sentidos, por entre as tripas, consegui vislumbrar o urso ninja a caminhar na minha direcção com pedaços de goma de várias cores entre os braços. Eram os restos dos seus familiares. Os mesmos familiares que eu havia trocidado com os dentes. Especado em cima do meu peito, o urso ninja pousou resignadamente os restos mortais da sua família à minha frente e olhou-me nos olhos. Os seus olhos transbordavam um misto de tristeza e de sabedoria. Ainda me restavam alguns minutos de vida até me esvair completamente em sangue. Mas nesse momento... morri! Que direito divino teria eu de decidir sobre a vida de uma família de ursos de goma? Seria a vida deles menos importante que a minha? Não! A resposta estava no olhar do urso ninja... Não! A vida está em todo o lado. Nas gomas, no pacote, na vela que ainda tinha na mão... Somos todos feitos da mesma matéria. Estamos todos interligados. Caminhamos todos para o mesmo fim... Merecia morrer. Queria morrer. Reuni todas as energias que me sobravam para manter contacto visual com o urso e disse: desculpa... Desculpa porquê??? - respondeu uma voz aguda. Levanta mas é a peida do sofá e vai trabalhar, que já estás atrasado como de costume. E vê lá se não entornas o açúcar do pacote para cima do sofá. Hã?!?! Abri os olhos e vi a imagem enovoada da minha mulher. Olhei para o pacote das gomas... ainda lá estava o urso vermelho coberto de açucar. Olhei novamente para a minha mulher. Levantei-me num pulo e beijei-a... beijei-a como se fosse a primeira vez! Estava feliz... não só por estar vivo, mas por sentir que me tinha sido dada uma nova oportunidade de viver. A mensagem tinha passado. Olhei em redor. Estava tudo no mesmo sítio. A casa era a mesma... mas era tudo diferente... sorri...
terça-feira, 15 de julho de 2008
A vida a "noz" pertence
E assim nasceu o corvo, condenado à morte ainda ovo.
Fruto de uma rara traição na sua raça, foi abandonado pelos pais entre duas rochas.
Certo dia uma velha víbora já enfraquecida, tentava partir uma noz com uma pedra. Com problemas de estômago, dentes frágeis e veneno estéril, cruzou-se com um pequeno berlinde ainda cinzento. Sabendo que pouco tempo de vida lhe restava, engendrou o derradeiro plano:
A última caçada! – sorriu a cobra com poucos dentes mas com muita manha.
O ovo mole era ainda demasiado pequeno para a satisfazer e, com este esquema sentiria novamente a emoção que lhe fugia há uns anos. Bons velhos e vigorosos tempos – lembrou, ao mesmo tempo que uma gota de saliva se lhe escorreu da boca até ao rabo.
- É só esperar meio mês! – Decidiu.
Aquecer bem o ovo, esperar que o rebento saia e ataca-lo que nem caça grossa. – Imaginou.
Passadas umas semanas, o franzino e trémulo corvo bicou o ovo sem sucesso. A experiente víbora, excitadíssima com a possibilidade de voltar a caçar, pegou na noz e rachou o ovo; o corvo pôs-se a caminho da luz e a cobra arrancou-lhe a primeira coisa a sair da casca: a pata.
Mas a emoção foi tanta que o coração não aguentou o disparo e, fulminantemente, de velha passou a morta.
E assim sobreviveu o corvo, condenado à morte ainda ovo.
A pobre cria voltou para a casca. Com fome, sem força na pata e sem penas nas asas para alcançar uma noz que avistava a uns metros, alimentou-se da cobra. Os seguintes vinte e cinco dias passou-os a olhar para a noz, com ânsia de ter penas e voar até ela. Os dias foram passando; as penas, as asas e a ânsia de comer a noz foram crescendo.
Já com força e cheio de esperança, mirou a noz, ganhou fôlego e levantou voou em direcção ao fruto seco. Atrapalhado, caiu desamparado a um metro do objectivo, partiu uma asa e viu a noz ser resgatada por uma gralha já adulta.
E assim cresceu o corvo, condenado à morte ainda ovo.
Todos os dias, ao dormir, sonhava que lhe era permitido andar e voar, comendo todas as nozes que encontrava, chegando primeiro que outros animais. Acordava sempre com a certeza que tinha as duas patas. Espreguiçava as asas, dava o primeiro passo e, ao segundo, caía para o lado.
Tinha um ar débil. A sua alimentação resumia-se a raízes desnutridas e frutos podres; os únicos seres que conseguia perseguir e caçar ao pé-coxinho eram caracóis e lesmas, mas contrariando os hábitos carnívoros e necrófagos da sua espécie, recusava alimentar-se de animais; a víbora tinha sido uma excepção. Puro instinto.
Pobre cobra, queria roubar-me a vida e acabou por ma oferecer. – Concluiu ao adormecer numa noite como tantas outras.
E assim envelheceu o corvo, condenado à morte ainda ovo.
Certo dia ao acordar…
Ouviu gargalhadas em tom muito fino. Recompôs-se da queda. Estava a sonhar novamente.
Ainda de olhos fechados, não quis dar a asa a torcer e, orgulhoso, continuou com a cabeça dirigida ao sol.
Mas aqueles risos irritantes prolongaram-se…
Abriu o olho direito, olhou de esguelha por trás da asa e observou duas toupeiras a comer nozes e a rir, de costas no chão batendo com as patas na barriga.
- Viste aquilo? – diz, quase sem ar, uma toupeira para a outra.
- Cala-te que dói-me a barriga de tanto rir! – respondeu a outra
Tentou aproximar-se delas com o intuito de pedir uma noz, mas as toupeiras entraram no primeiro buraco que encontraram. O som dos risos foi-se abafando progressivamente.
Muito devagar, o corvo, na esperança de poder saborear um bocado de noz, dirigiu-se até ao local. Encontrou apenas cascas partidas.
A partir desse dia, começou a acordar com o riso das toupeiras.
Um dia as duas inseparáveis roedoras, ao preparar o assento á sombra para assistir ao espectáculo matinal, olharam em frente e viram o corvo moribundo deitado no chão.
Piedosamente, pegaram na noz e aproximaram-se dele.
O corvo levantou-se de repente, esgotando toda a energia que lhe restava, e perguntou-lhes:
- Quem me faz acordar ao som de gargalhadas todos os dias?
As toupeiras, ainda estupefactas, cruzam o olhar durante segundos, olham para o corvo e respondem arrependidos:
- Somos nós!
- Noz?
E assim morreu o corvo, condenado à morte ainda ovo.
"Bowling for Malvarosa"
"Quem vem e atravessa o rio, junto á serra do Pilar..."
Rui Veloso? Que merda de sonho este que não me deixa dormir?! - questionei, espantado e sem saber que estava acordado.
Um som de telefonia agudo, mas com uns watts a mais, tinha interrompido o meu sono! Mas que raio...
- Vou fechar os olhos e adormeço num instante - pensei
" ...E esse teu ar grave e sério, dum rosto e cantaria..."
- Caralho! Mas que cabrão de vizinho é este? Quero dormir! - passei-me
- Se Alverca estivesse no país logo abaixo do Canadá, vestia o roupão, ia ao Orge ou á Teledesporto comprar uma metralhadora Colt M16, passava no Pingo Doce para comprar um cinto de munições, um camuflado, um gorro preto e umas botas e... passado 2 anos estariam a fazer um documentário intitulado "Bowling for Malvarosa".
Inclinei o corpo, apoiei o cotovelo esquerdo no colchão e, com o punho direito cerrado, bati na parede várias vezes com a máxima força. Num gesto brusco desses, dei um jeito nas costas e bati com o osso do pulso na parede:
- Ahhhh, foda-se!
5:33 AM
"... de milhafre ferido na asa."
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Granda Maluco
Nelson Mandela esteve preso 30 anos para defender o fim do regime do “apartheid”, “Estou na prisão como um representante do povo e da sua organização (…) Apenas homens livres podem negociar (…) Prisioneiros não assinam contratos (…) Não posso dar e não darei nenhuma garantia enquanto eu e vocês, meu povo, não estivermos livres. A sua liberdade e a minha não podem ser separadas. Eu voltarei."
Charles Manson, considerado como “o homem mais maligno e satânico que já caminhou na face da terra”. Tinha como objectivo começar uma guerra, que seria a maior de sempre na Terra e acredita que pode mesmo mudar a sua pena de prisão perpétua para condicional.
O uso da expressão “Granda Maluco” é hoje usada regularmente e são várias as figuras que na maior das calmas entram neste pote tão diversificado.
Cristiano Ronaldo, com tenra idade acredita que consegue fintar uma equipa inteira, nem que esta seja uma das melhores equipas com os melhores jogadores do mundo. Ao acreditar que consegue é logo um granda maluco e acaba mesmo muitas vezes por consegui-lo.
Poderia sem grande esforço continuar a tirar malucos do pote mas julgo que será mais interessante deixar-vos evocar os vossos e meditar sobre este assunto. Será também um belo tema para um celso jantar.
Tenho visto a truta que roubou o Telmo e desejo que o próximo texto ande já nesses meandros.
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Vou perder a Virgindade
e de facto é realmente muito interessante este fenómeno dos blogs.
É a minha primeira.
Muito obrigado pelo convite. Foi uma desmedida, será.
Ser convidado a participar num blogue por alguém
fogueira de lenha e água, aviso que tal poderá ser ainda melhor.
Como nos habituou o cinema, começo por me apresentar,
Assim, concluo dizendo que sou maluco mas não tolo.
Mas o que é um maluco?
Alguém aqui no ciberespaço diz que é um indíviduo cujo
Darei a minha resposta no próximo texto.
Até lá ou até já.
Obrigado Telmo
Be afraid.... Be very afraid
Be afraid.... be very afraid.
PS: estávamos aqui no messenger a falar e fiz um reparo interessante: "temos as mesmas iniciais do nome e apelido - TD".
As iniciais fazem-me lembrar várias coisas, mas a primeira que me vem a cabeça é Turbo Diesel.
E isto leva-me a pensar o seguinte: "E se convidasse mais amigos cujas iniciais dos seus nomes e apelidos estivessem ligadas a componentes automóveis? Assim este blog já teria algum nexo! Poderíamos ser os precursores do "blog tunning"
O meu irmão chama-se Hugo Duarte. HD não serve; está muito associado aos plasmas e computadores... quando ele se casasse com alguém com o apelido "Isaura" convidava-o para escrever no blog.
Entretanto tenho de ver se faço amizade com alguém chamado António Bruno Saraiva ou Gilberto Paulo Santos.
Se calhar é má ideia.
U Hell Come: Tiago
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Conto do espaço que fica para o lado de lá
Tenho uns minutos para ter uma ideia. Gostava de escrever o 1º post para este blog que criei "sem querer" e, porque não, "sem crer"; é este o desafio a que me proponho. Estou a tentar justificar as 2 horas que perdi para fazer o blog. Já contei esta parte. Tenho pouco tempo.
Portanto vamos lá ver, algo me ocorrerá.
... só me vêm coisas absurdas á cabeça; mas vou aproveitar a única ideia disponível a esta hora: pensar em três palavras e introduzi-las num pequeno conto que tem de ser escrito de forma instantânea. É uma ideia!
Três coisas. Podem ser as seguintes: truta, amendoins e leite.
É um tipo de escrita arriscada, (aliás, acho que já arrisquei o suficiente com esta introdução). Agora corro o sério risco de abrir a porta de casa um dia destes e aparecerem dois gorilas com um colete de forças e 2 seringas a espirrar gotas de sedativo para o tecto. Ficarei atento.
Vou despachar isto, então:
Certo dia encontrei uma truta à beira da estrada, sentada numa grade de cerveja descolorada pelo sol, com uma caneca de alumínio na mão e perguntei-lhe:
- "Olhe, a senhora sente-se bem?"
- "Quer-me parecer que estou a desidratar; sinto-me fraca" - respondeu ela com pouco fôlego.
- "Então você, uma truta já feita, não sabe cuidar da saúde? Já deveria saber que não deve estar exposta ao sol, ainda por cima a ingerir bebidas alcoólicas!" - perguntei, exclamando
De repente, a truta com um ar flácido, pousa a caneca no chão, dá um impulso para se levantar e....
- "Ai menino, ajude-me que estou a ir desta para melhor" - disse, sem firmeza na voz.
Encostei o meu peito ao dela, agarrei-a em posição de dança para evitar que caísse no chão e, com toda a delicadeza, deitei-a na sombra fresca que o toldo da barraca - da vendedora de amendoins - oferecia naquela hora.
Ao fundo avisto um homem com um copo na mão a bracejar e a gritar algo imperceptível. Ignorei.
Vou com a mão ao bolso pegar no telemóvel e ligar para o 112 e… estava vazio. Telemóvel, carteira, tabaco e até o lenço com as minhas iniciais bordadas a linho.
Olhei para trás e a truta já não estava na sombra. Fiquei parvo a olhar para o chão. Parei no tempo. Estarei a delirar? Uma truta???
... entretanto aproximou-se o homem com um copo na mão e com a t-shirt cheia de nódoas brancas. - "Serão nódoas de leite?" - pensei para mim, após ver que o copo estava vazio.
Ofegante, chegou-se ao meu ouvido e murmurou:
- "Amigo, vim só para lhe transmitir a moral deste conto”
- Ai sim, e qual é? – saiu-me a pergunta
- “Nunca se sabe quando um peixe está a beber água”