terça-feira, 28 de outubro de 2008

Ele ia numa carrinha

Sai o ar condicionado que estava ligado no máximo.
Ele ia dentro de uma carrinha ao encontro de um jogo
de futebol. Mas que jogo será este, pensava eu. Só via deserto ao mesmo tempo que o conta Km desembrulhava números mais rápido do que a máquina registadora de uma qualquer gasolineira, da mesma estrada, onde o litro de combustível são 20 cêntimos de euro.

A carrinha pára e olhamos todos uns para os outros, os primeiros a sair serão os primeiros a serem iluminados por uma radiosa luz com quase 50ºC.
No interior da estação de serviço ele repara que a água tem o preço mais alto do que o combustível, fica meditabundo.
Olho para o exterior e vejo tudo a dançar. As formas são distorcidas e ondulantes, será uma miragem ou o efeito visual do calor?
Enfim, vou beber um café e o combustível, aliás, a água.

O motorista abre a carrinha, os não nativos começam a entrar e ele ouve o seu produtor a dizer:
“Alguém tem uma mão livre para me ajudar?”
Prontamente, com a sua capa de lamber botas bem ajustada na língua diz: “Eu tenho, eu tenho.”
E o produtor responde:
“Então aperta-me aqui o nabo senão te importas, ah, ah, ah, ah.”
Risota geral, a capa cai-lhe da língua e derrete ao tocar o solo, ele também se ri bastante, enquanto que o produtor se aproxima, coloca-lhe a mão por cima do ombro e diz:
“Oh rapaz, sabes o que é um veado no Brasil?”
O rapaz:
“Um gay”
A mão do produtor sempre no ombro do rapaz e responde:
“sim é, e os veados no Brasil são os únicos que deixam ter uma mão no seu ombro, ah, ah, ah, ah."
A risota que ainda continuava foi potenciada e todos perderam rugas, até um pepino que estava dentro de uma sandes.

Chegaram à cidade onde ia ser o jogo, estavam no meio do nada, onde o meio era um oásis.
Já no estádio e sentados no banco de suplentes, analisavam as condições. Chega um sujeito, que se apresenta dizendo ser o presidente do clube e que as cadeiras onde estávamos sentados custaram 1 milhão de dolars. Todos se levantam e os olhares ficam perdidos, o sujeito replica com as mãos levantadas e muito expressivo:
“Seat please, no problem, please.”
E todos se sentam novamente.
Ele segue e já por mim traduzido:
“Vieram de Itália não faz uma semana, são feitas apenas por encomenda e especificamente para futebol.”
A cadeira era extremamente confortável mas depois desta informação ainda mais confortável ficou.”

A tarde passou, antes do jogo a policia rezou, ele sempre que possível no banco sentou e na carrinha já de regresso fechou os olhos e na namorada pensou.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Pela manhã

Todas as manhãs o rádio do carro não pede autorização para se ligar.

Hoje, mal coloco a chave na ignição:

- "Aconteceu-me isso variadíssimas vezes ou mais"

Deixe ver se entendi. Aconteceu-lhe isso mais que variadíssimas vezes?

E só hoje pela manhã é que se lembrou de vir à rádio contar.

E eu ouvi. Sortudo.

Apertei o cinto.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Má disposição matinal

Numa cama de hospital, um doente olha para o senhor da cama ao lado:

- Bom dia senhor. Vejo que hoje está mal "disposto". Que lhe aconteceu?

- Olhe lá, como é que sabe se estou mal disposto?

- Desculpe senhor, é que tem o pé direito no lugar da mão esquerda!

Num repente, o senhor esticou o braço e deu um pontapé no doente.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A crise é Grande

Nos últimos dias o nosso sossego tem sido invadido pelo histerismo provocado por cinco letras alinhadas da seguinte forma: C R I S E

Que tem esta palavra de tão assustador para nós portugueses? Que temem, estimados 9.999.999 concidadãos. Esta sempre foi vista como uma palavra bonita que forma frases bonitas e positivas. Sempre nos apoiámos nela. Quando tirávamos um 2 a Matemática: "Qual é a crise? No próximo período recupero, pai." Quando a menina bonita insistia em pedir-nos um 3 a jogar ao bate-pé, pensávamos: "Não há crise! Amanhã saco-lhe um linguado." Quando o preservativo rebentava e a namorada olhava para nós assustada, perguntávamos: "Há crise?"
A crise sempre nos deu ânimo e coragem para enfrentar o insucesso de ontem. A crise faz-nos andar de cabeça erguida hoje. A crise, porventura, aumentará a taxa de natalidade amanhã.

Estão a tornar a palavra num mártir para atingir um simples propósito: desviar a atenção do povo para as graves consequências da crise que anunciam.

Será a crise grave?

Grave é a boca da Manuela Moura Guedes, a tendência do Paulo Pedroso, a marreca do Venceslau Fernandes, a marreca da Vanessa Fernandes, a voz do João Malheiro, a voz do Nuno Guerreiro, o cabelo do Paulo Bento, o cabelo da Fátima Felgueiras, os fãs do Marco Paulo cujos filhos são fãs do Tony Carreira, as mamas da "entertainer" dos netos dos fãs de Marco Paulo cujos filhos são fãs do Tony Carreira, as mamas da Rosa Mota, o programa da Teresa Guilherme, o jornal "O Crime", a oposição, a soltura do Pinto da Costa, o abrupto blogue do Pacheco Pereira, o novo spot da Snickers, os amantes de Wrestling com mais de 15 anos, o PNR, o português do Jorge Jesus, o idioma do Manuel Machado, o Toy vestido com uma camisa da marca CR7, e muitos mais quilómetros de gravidades. Passando por aquele quilómetro onde o Castelo-Branco pede um broche à mulher no momento em que lhe muda a fralda.

A crise não é grave. A crise é Grande!

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A ideia é que tudo resulta com a palavra: PUNHETA!

Isto de escrever em blogues revela, em parte, uma frágil condição do sujeito. Não é? Acho que sim. Inventaram isto porquê? Porque há mercado, certo? E que mercado melhor do que a necessidade do ser em comunicar. Em querer ir mais longe, sentado. Algo que outros seres, que pisam a mesma terra em campos diferentes, até poderão, por acaso, ler um dia mais tarde. É para chamar atenção de alguma coisa? De alguém em concreto? Só pode! Mas do quê? De quem?

Há coisas que não se explicam. Por exemplo, agora estou aqui feito parvo e não tenho puto de ideia sobre o que escrever. Por isso mesmo digo: há coisas que não se explicam. Não, não era isto! Entrei a soar mal! Há coisas que não se entendem! Era isto que queria dizer: há coisas que não se entendem. E também já li o que vai para trás. Admito que está a revelar-se numa bela merda de ideia esta de tentar escrever de cabeça vazia.

Mas tenho de revelar, escrevendo ainda mais, que está a tornar-se numa experiência libertina. Estou em modo de evacuação mental. Uma autentica purga que, julgo eu, me permitirá absorver novos conceitos de forma rápida. Vou escrevendo numa perspectiva de forçar qualquer coisa para provar - ou refutar - a minha teoria de que não se deve forçar nada a não ser quando estamos sentados na sanita e atrasados para o trabalho. E isso, tal como isto, poderá ser prejudicial ao canal anal.

Mas o que faço quando quero escrever? Parte tudo de uma ideia. Mas e depois? Vou tentar descobrir-me. Acho que é mais ou menos isto:

Imaginem a ideia. Agora imaginem o resultado. A ideia vê o resultado ao longe. Mas não se conhecem, certo? Ou seja, têm de se casar para a ideia resultar. Tenho uma ideia adolescente e quero que fornique com um resultado mais maduro o mais rapidamente possível. Mas antes do casamento? Porquê? Isso seria um incesto a todo o processo criativo. Exactamente, acho que é esse mesmo incesto que faz com que a virgem ideia dê em resultado. Porquê? Porque nada melhor do que uma queca em tenra idade para nos dar experiência, um pouco de confiança e descaramento. E é essa relação incestuosa que porventura dará origem a um filho bastardo: o desenvolvimento! Por fim, já temos uma ideia mais madura e satisfeita, e um desenvolvimento, sedento de leite materno, em crescimento. O resultado acaba por ficar feliz e propõe finalmente a ideia em casamento. Já no altar, levanta-lhe o véu e todos vêem a ideia beijar o resultado com o desenvolvimento nos seus braços. E serão felizes para sempre...
É isto que acontece quando escrevo.

Mas hoje, em consequência do vazamento mental a que me propus, apresentei uma menina ideia estéril a um senhor resultado. Conclusão: a ideia fodeu-se e o resultado ficou a masturbar-se.

Agora é aquela parte em que peço desculpa por ter feito perder o vosso tempo a ler uma ideia que resultou numa... punheta.