No sopé de uma montanha, uma grande rocha tornava bem simples esta história. A montanha e a rocha. Apenas. A montanha tapava o brilho do sol e, por horas, a rocha esfriava. O sol. Aquecia e arrefecia a rocha. A história continuava a ser simples. A rocha, a montanha e o sol. Na vanguarda da rocha, um manto verde. Árvores. Ao contrário da rocha e da montanha, as árvores mexiam-se. Não eram diferentes; faziam parte da mesma história. Não interessava que fosse o vento a mover as árvores e a terra que se movia perante o sol. Tudo se movia. E a história continuava a ser simples. A rocha, a montanha, o sol, as árvores e o vento. Por vezes, o céu cobria-se de nuvens movidas pelo vento e tapavam o sol. A chuva molhava a rocha, a montanha e as árvores. Mas isso não complicava a história. Tornava-a cada vez mais simples... à vista de quem não observa.
Certo dia um simples rapaz sentou-se na rocha, observou o que o rodeava e começou a pensar.
As nuvens taparam o sol. A chuva começou a cair. O rapaz molhou-se e deixou-se ficar. Pensava. O vento levou as nuvens. O sol voltou. O rapaz secou-se e deixou-se ficar. Pensava.
Ao anoitecer o rapaz levantou-se e foi para casa. Adoeceu. Explicou à mãe o que realmente aconteceu. A mãe não entendeu e levou-o a um médico. A mãe contou ao médico o que o rapaz lhe tinha contado. O médico não entendeu e aconselhou-a a levar o filho a um outro médico...
A história deixou de ser simples no dia em que o simples rapaz se sentou numa rocha.
A história complicou-se.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 Únicos comentários disponíveis::
À vista de quem não observa tem no seu acabamento o cunho de uma bola de sal Japonês.
Muito bom como sempre. Abraços.
Enviar um comentário