domingo, 11 de janeiro de 2009

Mete Chapa

O céu estava limpo e a lua comparecida pelas mais belas estrelas, brilhava cheia. Lâmpadas Philips incandescentes de 60 watts e com as mais variadas cores iluminavam o enorme recinto da feira ambulante que encorpava o vale milenar situado entre duas montanhas vizinhas mas não amigas.

Os sorrisos das crianças vibravam e contagiavam os mais esmorecidos, as filas para as diversões serpenteavam-se em movimento constante, com todos a ansiarem ver e sentir tudo o que a todo o momento se desenrolava na proximidade. Ora era um palhaço com a maquilhagem toda borrada, muito bêbado e com a barba enxurrada de algodão doce a atirar-se à menina das farturas, ou o empregado da barraquinha do tiro ao alvo a desviar-se dos tiros da pressão de ar disparada por um tio com Alzheimer. O flirt intenso e desgarrado na tenda de máquinas de jogo, o gordo de alças que vomita pendurado de cabeça virada para baixo no carrossel do Panda de Lamego. Porém, o acontecimento da noite, como sempre encontrava-se nos carrinhos de choque, onde o dono com a sua camisa encardida e com apenas o botão de baixo abotoado gritava de pulmões bem abertos, tal e qual um cigano na feira:

- AS MENINAS NÃO PAGAM
- AS MENINAS NÃO PAGAM

A sua melhor cassete estava dentro de um leitor walkman que estava ligado a um amplificador. De micro na mão também ligado ao amplificador e deste para dezenas de colunas, descia o volume da música e voltava a gritar de goela bem aberta:

- AS MENINAS NÃO PAGAM

Quando raparigas se aproximavam para andar nos carrinhos faiscantes o nosso protagonista disparava para o micro:

- AS MENINAS NÃO PAGAM
MAS TAMBÉM NÃO ANDAM

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